Na manhã desta terça-feira, 22, a equipe do Rota 324 esteve na Secretaria de Saúde do Município de Jacobina e entrevistou o secretário Ivonildo Dourado, que na oportunidade falou sobre a polêmica da criança de 11 meses que faleceu após contrair Leishmaniose no Bairro do Leader.

Junto com o secretário estavam também as enfermeiras Rosário Sacramento e Ivanna Anastácio (Vigilância Sanitária e responsável pelas investigações de óbito) e Cledson Sady do Centro de Atenção Psicossocial. 

Segundo Dourado, a cidade precisa sim de um Centro de Controle de Zoonose – CCZ, porém é uma implantação que só é feita com recursos próprios, ou seja, o Governo Federal não custeia esse tipo de projeto e que para ele ser implantado em Jacobina, o município teria que dispor desse valor e não possui. Ainda segundo o secretário, as leis são muito rigorosas no quesito eutanásia e que os agentes não podem simplesmente matar um cachorro pelos sintomas visíveis, e, que para terem uma autorização para sacrificar o animal é preciso um exame ser feito e amostras de sangue serem mandadas para análise em um Laboratório Central de Saúde Pública - LACEN e que demora em média três meses para sair a confirmação.

“Podemos até ter em mãos a confirmação do Lacen que o animal está infectado, ter a autorização do dono do cachorro para matá-lo e ainda corrermos o risco de alguém nos denunciar por maus-tratos ” disse Ivonildo.

Quanto à denúncia de que uma campanha contra Leishmaniose foi cancelada, o secretário disse que não existe campanha e nem foi cogitado a ideia de se fazer, mas admitiu que apenas três agentes trabalham na prevenção devido ao pequeno índice de ocorrências. 

Referente ao diagnóstico Ivonildo afirma que foi detectado em Jacobina e que a pequena Lara estava sendo acompanhada e que só depois foi encaminhada para Salvador.

A enfermeira Ivanna Anastácio leu para nossa equipe um resumo da causa mortis de Laura Estafane que dizia:

“A criança foi internada no dia 04 de outubro por causa de uma febre que sempre ocorria nos finais de tarde, e, nessa época ela já apresentava alteração tipo caroço no lado esquerdo do corpo, foi atendida e diagnosticada em Jacobina sendo atendida por um médico generalista e um pediatra, transferida para Salvador onde apresentou edema de face e membros inferiores após a colocação do soro, estava estável em relação à febre, ativa e responsiva. Como a equipe não estava conseguindo manter acesso periférico foi indicado acesso central. A criança foi preparada para o procedimento, ficando em jejum um período maior que o necessário, pois o procedimento ocorreu duas horas após o horário marcado. A Criança já voltou do centro chorosa, gemente e passou a sangrar pelo local da venóclise. 45 minutos depois, a mãe amamentou pela primeira vez, orientada pela enfermeira, ela notou que a criança começou a ficar com os lábios cianóticos (roxo) e que os batimentos estavam caindo, sinalizando a enfermeira, ela responde que é normal. Os sinais vitais foram ficando mais instáveis e a criança recebeu uma bolsa de plaquetas e as quatro da manhã a criança foi a óbito”.

No resumo também a mãe da criança diz ter ouvido de uma enfermeira que foi por causa da amamentação antes da hora e por ter mexido com a criança causando hemorragia, ouviu de uma médica ter sido por hemorragia pulmonar, porém quando chegou perto para escutar, ela mudou de assunto, outro profissional relatou que foi um erro médico, já outro diz ter sido por pneumonia, porém a mãe descarta essa última hipótese, pois ela não apresentava nenhum sintoma referente. 

Na certidão de óbito tem como causa uma PCR – Parada Cardiorrespiratória decorrente de uma infecção generalizada conseqüente de Leishmaniose Visceral, mas a mãe informa sobre uma segunda Declaração de Óbito – DO, com causa terminal de Embolia Pulmonar, no entanto, não sabe o que aconteceu com essa via, pois por causa do pesar do momento, uma tia da criança ficou responsável por conseguir esse DO.  A Família foi orientada a encontrar o DO inicial e entrar em contato com a secretaria do município.

Nossa equipe deixou como sugestão a criação de uma Lei Municipal que trate com mais rigor a problemática dos cachorros e gatos que perambulam pela cidade, fazendo com que todos que não possuam uma coleira de identificação sejam levados para um local seguro, porém o secretário nos disse que se não for para um Centro de Zoonose, que não tem como ser outro local, e que, a prefeitura municipal se dispõe até a ajudar alguma ONG que queira criar esse local, doando terreno, dando assistência como vacinas e outros suportes que julgarem necessários, mas que a criação do Centro não será de imediato, “existe até o projeto de implantação e que foi anexado no PPA (Planejamento Plurianual) para os próximos quatro anos, mas no momento existem outras prioridades” completou o secretário. 

Igor Fagner - Rota 324