Na tarde de ontem, 24 de fevereiro de 2014, tive a experiência de levar meu filho de 4 anos para ser atendido no Hospital Municipal Antônio Teixeira Sobrinho de Jacobina, o nosocômio mais enaltecido pela gestão atual.

Chegamos eu, minha esposa e meu pequeno que por hora apresentava febre alta, inflamação na garganta e um grande nódulo no pescoço devido à inflamação. 

De cara, uma recepcionista muito bem vestida e coberta de ouro, ou pelo menos algo da mesma cor, cara ríspida, voz imponente e palavras curtas, ela pede o cartão do SUS, informamos que ele não possuía, pois nos seus quatro anos de vida ele sempre foi atendido em locais que aceitavam o cartão da Jacoprev, serviço este, descontado mensalmente R$ 111 (cento e onze reais) no contracheque de minha esposa pela sua função de professora municipal.

Mais imponente ainda, a atendente luxuosa diz que sem o cartão do SUS o atendimento só é feito em caso de urgência e emergência, como se estivéssemos ali por diversão. Passada toda a situação para ela, eis que somos aceitos. Sentamos para esperar o atendimento, e eu, como repórter intitulado de “nova imprensa e novato ansioso” passei a observar melhor tudo ao meu redor.

Chega um de muleta de um lado, outro numa ambulância do outro, até que surge um senhor relatando falta de ar e necessitando de atendimento, da mesma forma descrita em nossa recepção, a rispidez se faz presente e a jovem dourada diz que se a falta de ar não está acontecendo naquele momento que então o caso não é de emergência e ele não pode ser atendido sem o cartão do SUS. O mesmo procedimento de seriedade acontece com outra recepcionista que atende ao lado, sempre muito séria e com ar de desdém, ela faz as perguntas padrões para o preenchimento da ficha dos pacientes.

Mas eis que uma situação muda todo o semblante das recepcionistas mau humoradas, a chegada de uma bebê, filha de uma das enfermeiras. Uma delas sai da recepção, dá a volta no balcão e começa o tão famoso gesto de Pablo do Arrocha “Bilu Bilu” na criança. Aquela situação me fez analisar o quanto a forma de se vestir, o alto nível financeiro e situação do bolso das pessoas apontam como elas devem ser atendidas.

Porque em nenhum momento eu testemunhei alguém daquela recepção brincando com meu filho, fazendo uma cara de “tadinho” pra ele pela sua enfermidade? Porque será que aquele senhor que precisava tanto de ser atendido, não recebeu se quer um copo d’água e um aconchego na sua chegada? Porque o homem que chegou descaço, sem camisa e ébrio com um corte no pé foi recebido por uma postura ameaçadora do guarda municipal, sem se quer olharem para seu ferimento e tentar saber qual dos problemas o fez sair para beber? Ele foi educadamente pedido a se retirar do local.

O cartão da Jacoprev, citada no início, já foi cortado seu atendimento no Hospital Regional Vicentina Goulart, já foi suspenso de todas as especialidades da Clínica Santa Bárbara e não é aceito no próprio Hospital Municipal que por sua vez, só atende pelo SUS. Então para onde está sendo direcionado todas as mensalidades dos servidores municipais? Você se arriscaria a responder amigo leitor?

Para nós, da classe menos favorecida, basta apenas que, estudemos para um concurso estadual e receber um cartão do Planserv, plano que atende nosso prefeito, estudar para ganhar dinheiro e fazermos consultas particulares ou fazer campanha para o gestor e ganharmos um cartão de prioridade para sermos bem atendidos por nossos colegas de coligação.

E o pior de tudo isso, é ter que passar por um atendimento desses e aguentar a propaganda do governo "Reconstruindo Jacobina" dizendo que a saúde da cidade vai bem, e, muito obrigado.

Por Igor Fagner
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