O Rota 324 iniciou em 2 de setembro, data em que completou um ano de existência, uma nova roupagem, assumindo o desafio de postar matérias exclusivamente jacobinenses, e, nessa nossa nova empreitada, abrimos espaço para o leitor expressar suas opiniões, escrever colunas sobre temas diversos e nos ajudar a transmitir informações que acrescentem na vida dos jacobinense. 

Com muita honra, postamos o texto à seguir, enviado pelo Paulo Vitor, ele que é jacobinense, engenheiro civil formado pela Universidade Estadual de Feira de Santana e atualmente realiza mestrado na USP, estudou em Jacobina até 2009 e hoje no Espaço do Leitor, ele divide com a gente seus conhecimentos, passando no texto abaixo a importância de se contratar um profissional na hora de construir ou reformar, confira:  


A ENGENHARIA E OS PROJETOS DE PEQUENO PORTE
Por Paulo Vitor

Quando se fala em Engenharia Civil é natural vir à memória os edifícios altos, as pontes, os viadutos, as barragens, as estradas e outras variantes da Construção Civil Pesada. Embora devesse estar associada também aos projetos de pequeno porte, a expressão raramente faz lembrar as residências simples que são construídas, na maioria dos casos, sem a supervisão de um profissional de Engenharia.

Paradoxalmente, o real desenvolvimento social de um “país em desenvolvimento” pode estar, inclusive, na maior participação dos profissionais de Engenharia Civil no projeto, construção e gerenciamento de edificações de pequeno porte.

De um lado, temos os potenciais consumidores convictos de que os serviços de Engenharia estão voltados, de forma única e exclusiva, aos projetos de grande porte e, com base nessa hipótese, são levados a pensar que a assistência de um Engenheiro Civil constitui um serviço caro e fora do alcance dos recursos financeiros disponíveis para a reforma ou construção.

Do outro lado, e este mais preocupante que o primeiro, está o profissional que despendeu significativa carga horária durante sua graduação aprendendo a projetar instalações elétricas de baixa tensão e instalações hidrossanitárias prediais, mas que renega suas competências profissionais ao canalizar esforços aos projetos de grande porte. No entanto, dentro da atual perspectiva técnica e governamental, essa preferência é razoável e compreensível visto que dedicar uma carreira de Engenharia aos projetos de pequeno porte é, de fato, remar contra uma maré cultural.

Neste impasse o cliente que não toma a iniciativa de procurar um profissional de Engenharia Civil, sem compromisso, para conversar sobre o que almeja construir ou reformar, prefere entregar os serviços do projeto de pequeno porte ao pedreiro, encanador e/ou eletricista de sua confiança, profissionais competentes e essenciais à execução do projeto, mas sem a sensibilidade técnico-científica necessária para propor soluções que garantam a máxima eficiência do sistema (o mais seguro e durável pelo menor preço e impacto ambiental).

Ao longo da graduação o Engenheiro Civil é capacitado para propor soluções seguras, duráveis, econômicas e ambientalmente responsáveis. “O melhor pelo menor preço e impacto ambiental” é o objetivo que tematiza todas as disciplinas profissionalizantes em um curso de Graduação em Engenharia Civil, o que contribui para o desenvolvimento de habilidades profissionais voltadas à proposição de soluções que consumam a menor quantidade de recursos (humanos e materiais) ao passo que consigam alcançar a máxima durabilidade, de forma segura, isentando o consumidor do mau cheiro na encanação do banheiro, do entupimento da tubulação na pia da cozinha, das janelas e portas emperradas, das goteiras nas lajes e das fissuras e/ou infiltrações nas paredes, dentre outras inconvenientes que sempre surgem nos projetos que não foram desenvolvidos/supervisionados por Engenheiros Civis.

No final das contas, o cliente que acredita que a Engenharia Civil é “coisa para projetos de grande porte” sempre acaba gastando mais com a exacerbada quantidade de aço, tijolo, cimento, fios, tubos e conexões exigidos pelo pedreiro, encanador e/ou eletricista e com o reparo dos pequenos defeitos que surgem ao longo da vida útil do sistema.

Eng. Civ. Paulo Vitor S. Santos