Por: Nívia Sampaio - Séculos atrás, surgiu no Brasil um ritmo com influências africanas, que passou a representar o povo negro escravizado no país. A representação mais característica da África é o acompanhamento de instrumentos percussivos como Atabaques, Ganzá e Reco-reco, mas hoje em dia são acrescentados vários outros instrumentos rítmicos como Tambor, Timbal, Djembê, entre outros. O ritmo originado no Brasil sofreu influências portuguesas também, desde a língua utilizada nos cânticos a introdução de instrumentos como o Pandeiro e outros harmônicos como o Violão e Viola, tendo como acréscimo posterior o uso do Cavaquinho, que hoje é muito utilizado entre os grupos. A este estilo musical, deu-se o nome Samba de Roda. 

A região interiorana jacobinense, ainda conta com alguns grupos que mantêm viva essa representação cultural. Os instrumentos mais comuns utilizados pelos grupos da região são viola, violão, pandeiro, o prato esmaltado tocado com o auxílio de uma colher e o acompanhamento do ritmo nas palmas das mãos. Ela se expandiu por toda a Bahia como forma de representação das dificuldades vividas pelo homem do campo, ou até mesmo suas experiências cotidianas, desde o elogio a alguém a fatos reais acontecidos na vida de pessoas do seu convívio social.

No último sábado (06), foi realizado um evento na quadra do bairro Jacobina II, que trouxe como tema essa cultura sertaneja regional e a atração musical ficou por conta do trio Silvano, Pedro e Zebeté, que há muitos anos são um dos poucos grupos da região que continuam persistindo em manter a tradição viva, mesmo que ao som deles tenha sido atribuído a utilização de efeitos eletrônicos em suas músicas. O evento teve entrada livre para o público e contou com a presença de um número considerável de pessoas de várias idades. Os mais velhos em busca de relembrar o passado pelo qual muitos viveram na infância, quando viviam no campo, e outros apenas pela curiosidade de conhecer um pouco da realidade diferente da vivida por eles.

Um fato curioso é o número de jovens que têm participado desse tipo de evento. A praça encontrava-se repleta de pessoas de idade diversas e todas elas conseguiram se divertir sem a necessidade de músicas modernas, o que permitiu a festa se prolongar durante toda a madrugada sem registro de violência no local. Que bom seria se as gerações futuras tivessem o privilégio de compartilhar das experiências desse povo, que tantas histórias tiveram para contar através de suas canções. Que o povo baiano não permita que parte de sua cultura se perca no tempo.