Quem nunca viu ou ouviu Minita Montenegro pelos cantos da cidade do ouro? Essa que chega e enobrece o local com suas poesias e flores. Essa que sobe e desce serras identificando problemas e buscando quem possa solucionar. Essa que vai ao rádio pedir uma bola para seus meninos é a mesma que volta pedindo um pouco de tijolos para seus adultos.
Convoca para mutirões aqui, constrói dali, inaugura casa de lá. Protesta reivindicando, mas ela mesmo ajuda. “Ajudem eles, eu já dei a minha parte”. Essa sim pode reclamar de quem não faz, pois ela faz sua parte, essa sim pode exigir respeito, pois ela sabe respeitar.
Da poesia dos pássaros que graças a ela descobri que passam impreterivelmente as 17h ao encanto das estrofes das selvas naturais.
Essa que presenteia um garoto com um pião, e que lhe olha assustado perguntando como se usa isso “Estou resgatando essa brincadeira em Jacobina, quero ver as crianças nas praças brincando de pião”.
Mulher de Fibra, Minita Montenegro reparte seu dinheiro com uma criança que não tem o do remédio, reparte seu salário com a floricultura para ver o cidadão recebendo rosas vermelhas e retornando-lhe um sorriso, divide suas economias com o Arte de Tocar para não deixar que essa arte acabe. Realmente só uma mulher forte pode ver a solução onde todos só enxergam o problema, somente uma mulher de Fibra arregaça as mangas e vai em busca dos menos necessitados e pergunta como pode ajuda-los e tão somente ela tem a brilhante ideia de juntar amigos no alto da missão para cortejar a cidade que tanto ama em uma comemoração de aniversário com direito a fogos e pétalas ao vento.
Recebe esta homenagem, poetiza. Hoje não é seu aniversário, não é o dia da mulher nem mesmo o dia do poeta, mas é sem dúvidas mais um dia em que tu fizestes dezenas de pessoas felizes, é o dia em que 180 pessoas agradeceram as rosas vermelhas e enxergaram a vida por um ângulo diferente, pelo lado em que nos tratamos como verdadeiros irmãos.
Trecho do livro "Retalhos de Poesias" de Minita Montenegro
“Gostaria de ser o vento para subir bem alto e descer e ver nosso planeta cheio de selvas naturais e de selvas artificiais. Ao entrar na selva de pedras eu levantaria o pó e o mau cheiro causado pela poluição para que as narinas insensíveis do homem sentissem o cheiro da podridão. Cegos, idiotas, imbecis que enxergam, mas que não veem a destruição do nosso planeta. Ao entrar na selva linda e natural eu sopraria mansamente para acalentar os pássaros e derrubar as folhas novas. Ao anoitecer, eu sopraria mais mansamente ainda para que todos pudessem dormir em paz, mas ao raiar de uma nova aurora, eu tornaria a sentir uma cega folha no ar e subia bem alto e descia bravamente e agitava os mares, estremecia os montes e derrubava as chaminés que me tinge de preto, porque só dessa forma eu recobriria e receberia meu corpo limpo e cheirando a flor. Se eu fosse o vento, mas eu não sou.
Natural de Tamburil de Morro do Chapéu, Maria da Anatividade Souza Montenegro nasceu em 8 de setembro de 47 e só chegou em Jacobina em 61 onde vive até os dias atuais. Autora dos livros “O Pássaro e a flor”, “Nas Asas da Borboleta” e “Retalhos de Poesias” Minita Montenegro despeja suas composições por onde passa, deixando um pouco de carinho, otimismo e simpatia.
Que o novo ano que se aproxima seja repleto de inspirações, para que possas nos manter sempre preenchidos com teu jeito lindo de ver e viver a vida.
São os votos de Igor Fagner – Rota 324
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