Jonas Ferreira - Não é pelo fato de ser seu filho e ser possuidor do mesmo nome, que deixarei, de sempre que puder e me for facultado, reverenciar este grande homem que contribuiu sobremaneira, pelo seu trabalho, para o desenvolvimento e engrandecimento da sua e da minha querida Jacobina. No mês em que o jacobinense comemora o aniversário da sua terra, por extensão, nada mais justo que exumar a personalidade e propalar feitos de JONAS FERREIRA LIMA (Seu Jota, como era carinhosamente conhecido e chamado), que também este mês, no dia 8, comemoraria seus 98 anos se vivo fosse, e talvez caindo até em redundância, ou em lugar comum, na concepção daqueles que tiveram a satisfação de vivenciar e conhecer de perto sua história de vida que se confunde com o progresso desta terra. 

Nascido no sítio São Joaquim, área territorial pertencente ao município de Afogados da Ingazeira, estado de Pernambuco, aos 8 de julho de 1917, a então criança Jonas, contrariaria os ditames do hoje modesto Estatuto da Criança e do Adolescente (Criança foi feita pra brincar), haja visto que, já aos 8 anos, trabalhava como adulto na dureza da zona rural, vendendo carvão em saco nas feiras livres das cidades próximas, para onde se dirigia à noite, usando suas pernas pequeninas e cansadas, como meio de locomoção. 

Pelas mãos de seu irmão mais velho, Horácio Pires, foi recebido em Jacobina pelos idos de 1934, onde começaria uma luta tenaz e sacrificante de trabalho árduo em terras estranhas. Iniciou-se no ramo da panificação, onde trabalhava mais de 18 horas por dia, e, entre suas inovações, ficou conhecido pela bolacha de coco que manualmente fabricava. 

Por volta de 1942, já conquistando inúmeros amigos (coisa que sabia fazer com perfeição), destacou um destes, o Sr. Camerindo Azevedo, para juntos fundarem a primeira Empresa de transportes na linha Salvador-Jacobina-Salvador, estava criada a Empresa Sertaneja de Transportes. Com o aumento do fluxo de veículos na região, não titubeou, e com sua visão pioneira, criou a Auto Peças São João, a primeira na revenda de peças e acessórios para veículos, instalada na Rua da Lama, hoje Coronel Teixeira - Calçadão.

Já com seu amigo Gildásio Oliveira, fundou em Jacobina uma revenda de derivados de petróleo e afins, até então carente em toda micro região, estava criado o Auto Posto Texaco, que se tornou inclusive, referencial de um dos logradouros mais importantes de Jacobina, a Praça 2 de Julho, ficando conhecida como a Praça do Texaco. 

Com um grupo de amigos (Sr. João Fraga Brandão, Dr. Armando Santos, Dr. Valter Ribeiro, Arnobio Meireles e outros), Jota fez o convite para fundarem o Banco Cidade de Jacobina (Banco com capital aberto à acionistas) objetivando a retenção das divisas econômicas geradas no município para que fomentasse a agricultura local.

Atrelada ao crescimento do PIB jacobinense, algumas deficiências de caráter logístico começaram a aparecer como a comunicação e mobilização do empresariado e, sem pensar duas vezes, Jota em união com amigos, idealizou, criou e fundou a Companhia Telefônica de Jacobina, sendo seu primeiro presidente, permitindo maior celeridade nas relações.

Ainda sentindo o desejo de uma mobilidade mais eficaz, Jota, na sua obstinação de pioneirismo, trouxe para Jacobina, e sendo seu representante , uma linha aérea através da Atlanta Táxi Aéreo, contribuindo substancialmente em uma maior rapidez no contato dos habitantes da micro região com a capital do estado.

Era assim Seu Jota, destemido, ousava e corria riscos, mas não media esforços quando se tratava de proporcionar o desenvolvimento da sua querida e amada Jacobina. Em 07 de julho de 1989 recebeu o título de cidadão jacobinense, indicado pelo vereador Durval Dias. Confidenciou-me depois meu pai, que foi a maior reverência recebida por ele e que podia junto aos amigos, bater no peito e dizer ‘‘Sou também jacobinense’’. 

Casou-se com a senhora Maria Lélia Ribeiro Lima, com quem conviveu mais de 50 anos, gerando daí 7 filhos, veio a falecer em 30 de março de 2001 no convívio de sua esposa e filhos.

Fica de JONAS FERREIRA LIMA, Seu Jota, o exemplo de honradez, lealdade, probidade, humildade, determinação, e obediência às suas obrigações, honrando-se na dedicação austera e sóbria a sua família, de quem sempre esteve próximo, e a lucidez com que concluiu a sua vida, deixando um rasto de luz a alumiar o caminho de quem ele amou durante todos os momentos da sua vida - os seus filhos.  

Por Jonas Ferreira Lima Filho