Durante três dias foram apresentados na Praça Rio Branco em Jacobina, trabalhos elaborados por diferentes comunidades culturais da região. Na oportunidade, o Rota 324 conversou com idealizadores do projeto e soube um pouco mais sobre esse excelente trabalho, confira:

Rota 324 - Quando iniciou e qual o objetivo do projeto?

Professora Goretti Santos - A programação do Ser Brasileiro e Solidário foi realizada entre os dias 23, 34 e 25 e é o resultado de uma pesquisa feita durante o ano inteiro, com intercâmbio de cidades, de quilombos, comunidades indígenas e também o Pelourinho. O projeto Ser Brasileiro e Solidário será apresentado na próxima semana em Salvador, é baseado na Lei 11.645/08, e nós estamos fazendo exatamente o que diz a Lei, pois todas essas culturas juntas representam o povo brasileiro e é um trabalho que já existe há 3 anos.

Rota 324 - Porque está sendo apresentado na Rua e não em sala de aulas?

Professora Goretti Santos - Porque é difícil você motivar o povo a viver sua própria história, é o nosso resgate. Pode ser no artesanato, no sequilho, na música, na história, na cultura, e colocar três etnias juntas é no mínimo ousado e nós conseguimos!

O escritor e arte-educador Jorge Conceição - autor da coleção Boi Multicor, uma produção infantil que traz uma nova leitura de um dos mais famosos personagens da cantiga de ninar, o Boi da Cara Preta. Jorge  também nos contou um pouco sobre a importância desse ato.

Professor Jorge Conceição - A gente está trabalhando na direção de uma educação plural que a gente chama de educação pluriétnica, contemplando todas as origens étnicas, africanas, indígenas, europeias, que se misturaram aqui na constituição da sociedade brasileira e que, infelizmente, essa não foi uma mistura democrática, nem amorosa e nem justa. Quando a gente faz educação na Praça, trazendo a escola para a rua, se travestindo de atores e atrizes, para além da Filosofia, da Geografia ou da História, a gente está se expondo como pessoas humanas para fazer o melhor para essa juventude. A gente busca, portanto, a superação de todos os preconceitos e a rua é o melhor lugar para isso, pois ela está cheia de pessoas preconceituosas e pessoas abertas a essa interação amorosa. 

Rota 324 - Depois de anos de luta pela aceitação dessa educação plural, você acha que ainda está longe de esta integração invadir as escolas?

Professor Jorge Conceição - Para isso acontecer, o nosso Parlamento precisa ser constituído de pessoas preocupadas com a Educação, que põem crédito na Educação, na cultura. Enquanto eles ficarem se preocupando apenas com a agricultura e com agrotóxico, não haverá política voltada para os excluídos. Então o voto ainda é um ato político dos mais importantes na vida da gente, pois teremos que saber escolher quem irá nos representar, senão, será suicídio.

Por sua vez, o professor Adelino Dourado contou-nos sobre seu estudo de mestrado, onde defende a tese da inclusão da cultura cigana nos livros didáticos.

Professor Adelino Dourado - Sou cigano, professor e vice-diretor municipal, trabalho a questão cultural cigana aqui na região fazendo palestras. No meu artigo na pós-graduação fiz um trabalho envolvendo a cultura cigana, visto que os índios, os quilombolas e os negros a gente ver no livro didático, porém os ciganos não tem. Então fiz o meu trabalho incluindo a cultura cigana no livro didático e isso irei continuar trabalhando no mestrado para que a sociedade no geral, veja os valores e entender um pouco mais sobre os ciganos aqui no Brasil.

Igor Fagner - Rota 324


Professor Jorge Conceição

Alunos da Escola Municipal Luis Alberto - Jacobina III

Badu

Professora Goretti no uso da palavra