Monstro, covarde, metido a normal, entre outros adjetivos surgiram na tarde desta sexta-feira, 19, no pátio da Universidade do Estado da Bahia - Uneb Campus IV, quando o corpo docente e discente reuniu-se para uma manifestação em repúdio ao preconceito sofrido pela jovem Taís, filha dos servidores públicos Edneide Santos e Edilson Souza.

Os dois prestam serviço à universidade e receberam a lamentável notícia de que foram denunciados à ouvidoria da Uneb, devido a presença de sua filha no educandário. Com erros de ortografia (que mantivemos), o denunciante alegou que: "... a um tempos andamos incomodados com uma situação desagradável. Uma filha de uma funcionaria de uma empresa terceirizada que prestam um bom trabalho na limpeza do CAMPUS, a mesma e portadora de uma SÍNDROME a menina ja e uma moça de aproximadamente 18 a 19 anos não sei o certo (...) o problema e que ela grita muito, bate portas entras em todos os setores deste CAMPUS, e estamos sentadas no pátio ela manda sair..." 

A ideia da manifestação surgiu em uma reunião entre professores que decidiu que diversas ações deveriam ser feitas no intuito de sensibilizar as pessoas no que se refere a pessoas com deficiências. Entre as providências estão: uma semana de integração para discutir questões relacionadas, momentos em locais públicos para chamar a atenção da população, documentos enviados para os meios de comunicações, apoio psicológico a família discriminada e quebra de sigilo da denúncia.

O Rota 324 ouviu a mãe de Taís, que nos contou que estava sem se alimentar devido a repercussão do caso "Não imaginava passar de novo por tudo que passei quando ela ainda era pequena. Dediquei 20 anos de minha vida a essa instituição e me sinto traída pelos alunos que fizeram isso com a gente. Sei que esse é mais um preconceito que teremos que vencer, mas está difícil" disse Neide enquanto derramava lágrimas. Ela ainda acrescentou que o apoio de todos nesta tarde foi muito importante e serviria de base para se levantar. 

Com a presença de integrantes da Associação das Pessoas com Deficiência de Jacobina - APCD, diversos foram os testemunhos que mostravam que Taís não atrapalhava o andamento das atividades. "O que mais me chateou na denúncia foi relatarem que se assustavam quando ela (Taís) abria a porta das salas. Não me lembro de ter visto ninguém se assustando quando eu faço isso!" disse um dos professores. Vale ressaltar que ela já percorre os corredores do Campus há mais de dez anos.

A professora e doutora Emmanuela Costa em sua fala fez um breve resumo da luta que a Apae tem travado contra o preconceito desde a sua fundação "Eu me sinto como uma mãe de Taís e também no direito de protegê-la. Durante muito tempo os deficientes ficaram sem sair de suas casas por causa do preconceito, mas hoje não admitimos mais que isso aconteça" destacou acrescentando ainda que se tornou outra pessoa depois do nascimento de sua filha Aimée.

Confira abaixo alguns textos em repúdio ao acontecido e em seguida fotos da tarde de hoje.

Igor Fagner 
Rota 324 - Acesse, expresse-se! (igor.fagner@hotmail.com)