A Orquestra Jacobina Arte de Tocar apresentará o IV Concerto de Inverno de Jacobina no domingo, 14 de setembro a partir das 20h no auditório do Comuja com ingresso promocional de R$ 5.

Com as participações de Nívia Sampaio, Canindé, Paulo Lisboa, Al Cicero Luthier, Banda Santo Sou, Ubirajara Santos e Daniel que interpretarão canções que dão o nome ao tema deste ano “Músicas dos anos 80”. 

Em uma entrevista cedida à equipe do Rota 324, o maestro Jailton Nunes e sua esposa Jeane Lemos falou um pouco do que é o projeto social Arte de Tocar e as novidades para este ano no IV Concerto de Inverno. 

Rota 324 – O que é o Projart – Projeto Arte de Tocar?
Jeane – É um programa de educação informal com ações pontuais integradas a música e ao meio ambiente onde os valores morais, éticos e familiares são abordados por meio da prática orquestral possibilitando o acesso direto aos bens culturais onde tem trazido mudança de atitude na vida de todos os envolvidos no projeto.

Rota 324 – Quando e como surgiu o Projart?
Jeane – Em 1993 o professor de música Jailton Nunes Marques, por meio da Banfla – Banda de Flauta de Jacobina, idealizou um projeto voltado para a iniciação musical de crianças com o intuito de despertar novos valores culturais para Jacobina e região. Em 2007 com a necessidade de sensibilizar a sociedade jacobinense para as questões ambientais foi formada a Banda Reciclasom que faz músicas experimentais com material reciclado. Com o Programa de Cultura do BNB 2010, surgiu o Projeto Toca Menino que deu origem a formação dos núcleos de orquestra que temos em Jacobina: A OTM – Orquestra Toca Menino, primeira orquestra de cordas do território do Piemonte da Diamantina e a OJA – Orquestra Jacobina Arte de Tocar a primeira sinfônica do interior da Bahia, fundada em fevereiro de 2011, juntamente com a constituição da ACAT – Associação Cultural Arte de Tocar.

Rota 324 – Fale-nos um pouco do IV Concerto de Inverno
Jeane - O quarto Concerto de Inverno traz como tema Músicas dos anos 80. Cada ano realizamos com uma característica diferente e,  o ponto chave do concerto é a inovação de trazer os cantores da terra, onde cada um será interprete de uma música da década de 80.

Rota 324 – Qual o valor do ingresso?
Jeane - Eu costumo dizer que não estamos cobrando ingressos, primeiro porque os cantores participarão voluntariamente e depois por estarmos realizando em um espaço público que não pode ser cobrado ingressos, nós estamos pedindo uma colaboração de R$ 5 das pessoas que será revertida para o projeto que é de cunho social e precisa do apoio da comunidade, nas edições anteriores foram pedidos quilos de alimentos onde ajudamos outras instituições sem fins lucrativos. Nesse, nós resolvemos ajudar o próprio projeto. Sabemos que esse é um valor irrisório olhando pelo tamanho do projeto, mas é de grande importância para agregar a outras atividades que realizamos, como a venda de trufas, feira do cacareco, rifas, ajuda de amigos que gostam do projeto, todos para nos ajudar na compra de material como cordas, palhetas, estantes de partitura, etc. Outro dia veio uma senhora assistir nosso ensaio e ficou encantada com nossa apresentação, e, ao ver que algumas estantes de partituras estavam emendadas com durex, perguntou como fazia para ajudar e comprou algumas estantes novas para o projeto.

Rota 324 – A prefeitura municipal de Jacobina auxilia no projeto?
Jeane - A prefeitura entra apenas com o espaço físico que é onde ensaiamos e com o auditório do Comuja onde iremos apresentar o IV Concerto de Inverno, mas com os gastos para a estrutura do evento estamos sendo patrocinados pela prefeitura de Caém, onde agradecemos o apoio do prefeito Arnaldinho. Temos também algumas empresas no comércio de Jacobina que está nos apoiando: Ednailsom, Newnet, Faça Feira, Pedras e Pisos, IOB Instituto, Unopar, Colégio Oasis, Tropical Motos. A parceria do Neojiba e a Casa Suíça de Salvador.

O maestro Jau Nunes nos falou um pouco do IV Concerto e as dificuldades enfrentadas para manter um projeto como esses, confira:

Rota 324 – Por que os anos 80 foram escolhidos para o tema?
Jau Nunes – Eu vivi bem essa fase dos anos 80, uma época de uma musicalidade transmitida de forma diferente, temas que marcaram minha vida, mas o principal é a bagagem que será dada aos jovens, aprendendo esse tipo de música. Na verdade são fases que eles irão passar, como por exemplo em uma outra oportunidade, apresentarei para eles músicas de Adoniran Barbosa, Pixinguinha, Noel Rosa, Baby Consuelo, enfim.

Rota 324 – De onde surgiu essa ideia de juntar num concerto a voz e os instrumentos?
Jau Nunes – Valorizar a cultura local, o artista da terra. Temos grandes nomes que foram escolhidos para essa edição, pessoas que tem uma grande bagagem para oferecer.

Rota 324 – Você poderia citar para a gente algumas das canções que serão tocadas na IV edição?
Jau Nunes – Sim. Eu gosto de focar nas músicas brasileiras, porém em se tratando de anos 80 existem artistas internacionais que não poderiam ficar de fora, como Michael Jackson que é um cara que mudou a realidade da música adicionando clipes, cataremos Billie Jean; Guns in Roses com Sweet child o mine; Nossa linda juventude de 14 Bis; Que país é esse e Monte castelo com Legião Urbana; Tema da vitória, entre outros.

Rota 324 – Quais as dificuldades enfrentadas ao assumir o compromisso de um projeto grandioso como esse?
Jau Nunes – Fazer música em Jacobina é complicado. Eu saí de uma cidade onde ganhava cerca de 20 salários mínimos para voltar para Jacobina e ganhar um salário e você pode achar brincadeira, mas hoje o que ganho não chega a um salário mínimo e continuo meu projeto. Eu acho que é alguma missão que Deus me deu, pois não vejo outra coisa que não seja isso. Politicamente falando, as pessoas dificultam as coisas pra gente, me atrelando a um partido e acham que eu represento aquele partido, coisa da cultura local mesmo, que vem desde a época que foi fundada a Igreja da Conceição, construída depois da Matriz porque um partido não queria frequentar a mesma igreja que o outro. Mas é prazeroso o projeto, mesmo com as dificuldades. Nos fortalece quando olhamos o impacto que tem causado na vida de algumas pessoas, seja adulto que não tinha mais perspectiva de aprender nada e se veem tocando, seja na criança que que recebe um conhecimento sobre a arte de tocar.

O Rota 324 fez questão de colocar o nome das empresas que estão apoiando o IV Concerto de Inverno como forma de incentivar o comércio local a conhecer e apoiar esse grandioso projeto que, infelizmente ainda tem muito jacobinense que desconhece. Como dissemos ao maestro Jau Nunes, reiteramos, o padrão do Projeto Arte de Tocar não deixa nada a desejar em qualquer orquestra do país, a única diferença está no RECONHECIMENTO.



Rota 324 – 100% jacobinense!
Por Igor Fagner e Vinicius Garcia