O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na noite desta segunda-feira (11), de um ato com artistas e intelectuais contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, nos Arcos da Lapa, Centro do Rio.

Durante o discurso,  Lula defendeu o mandato de Dilma contra o impeachment. "A comissão acabou de derrotar a gente, por 38 [votos] a 27. Mas isso não quer dizer nada", disse Lula, referindo-se à votação que acabara de acontecer no Congresso, com a aprovação do relatório a favor do impeachment. "A comissão foi montada por Eduardo Jorge [nesse momento, pessoas da plateia o corrigiram e gritaram o nome de Eduardo Cunha]. É o time dele. Então, o que nós temos que ter clareza é domingo no plenário. Domingo é que nós temos que ter clareza."

Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), cerca de 50 mil pessoas participaram do auge do evento, por volta das 21h, e 15 mil às 18h15. A PM não divulgou estimativa de público.

O ato "Cultura pela Democracia", convocado pela Frente Brasil Popular, foi dividido em duas partes. A primeira começou às 17h, dentro da Fundição Progresso, onde cerca de 5 mil pessoas viram discursos de artistas, juristas e intelectuais. Depois, em um palco armado nos Arcos da Lapa, foi a vez de Lula e de políticos discursarem, a partir das 20h.

Na Fundição, discursaram os dramaturgos Aderbal Freire Filho e João das Neves, os juristas Juarez Tavarez e Luiz Moreira, o ator Gregório Duvivier, a indígena Sonia Guajajara, o cineasta Luiz Carlos Barreto, o escritor Leonardo Boff, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e os músicos Chico Buarque, Beth Carvalho, Tico Santa Cruz, Flávio Renegado e Nelson Sargento, que ganhou um beijo de Lula na cabeça.


"Eu não ia dormir sossegado se eu não viesse aqui hoje", declarou Sargento, aos 91 anos.
Chico Buarque disse que inicialmente não falaria, por já ter discursado em ato anterior, no Largo da Carioca, em 31 de março, mas ficou sensibilizado com os gritos de "Chico, eu te amo" ao chegar. "Nós amamos essa energia toda. Estaremos juntos em defesa da democracia. Não vai ter golpe", disse o artista.

O ator Wagner Moura, que não pôde comparecer, falou ao vivo via conferência digital, exibida no telão. Ao fim dos discursos, Beth Carvalho cantou uma música composta por ela: "Não vai ter golpe de novo, reage, reage meu povo", dizia a letra.

Antes, foi apresentado oficialmente um manifesto pela democracia, assinado por nomes como Chico Buarque, Leonardo Boff e os escritores Fernando Morais e Éric Nepomuceno. O documento afirma que o impeachment é um golpe branco contra a democracia. Também estiveram presentes os políticos Marcelo Freixo, Carlos Minc e Lindbergh Farias, entre outros.


G1