Tenho acompanhado a polêmica criada em nossa cidade com o aterramento da fonte que ficava na Praça da Matriz. Críticas não faltaram à gestão municipal, com o argumento de que perdemos parte da nossa história, pois a fonte era um dos nossos maiores patrimônios. Respeito esta opinião. Mas não concordo com ela. Isto porque, sou frequentador da Praça da Matriz desde criança e posso afirmar que nossa praça estava “morta”. Morta em que sentido? As famílias não a frequentavam mais. 

A referência da Matriz, além da Igreja, foi por vários anos um bar. Após o parquinho o local ganhou vida e também uma nova referência. Um ponto de encontro de várias famílias. Digo isso como pai de dois meninos, um com quatro anos de idade e outro com um ano, que após a instalação do parquinho voltaram a frequentar a praça. Atitude realizada por outros amigos que também possuem filhos e lá retornaram. 

Quando estamos lá, observamos que o movimento de crianças nos brinquedos é intenso, seja durante ou nos fins de semana. Com isso, o comércio da região se reoxigenou. Hoje, não preciso ir somente a Missão para ter lazer gratuito com minha família. Posso levá-los a nossa Praça da Matriz. Entendo que toda praça tem como função social integrar a comunidade. Infelizmente, a nossa, com a fonte, não tinha mais este poder. Diferentemente do que ocorreu com o parquinho. Estudos indicam que o uso destes espaços é fundamental para a formação da criança, já que atende a diferentes funções como encontrar os amigos, passear, praticar esportes, contemplar a natureza, brincar, entre outros (OLIVEIRA, 2004) .

Nossa praça hoje dispõe de brinquedos coletivos que estimulam as crianças a conviverem em grupo e a praticar atividades físicas e criativas. Além disso, é um espaço de aproximação das famílias, o que não existia com a fonte, a qual, infelizmente, era só contemplada, mas sem tanta utilidade social quanto o parque. E mais, a criança se forma enquanto cidadã na medida em que interage com a cidade e com os espaços públicos, e o parquinho instalado na Matriz (e os demais que existem na cidade) proporcionam isso. 
Por todos estes motivos, reafirmo que sou a favor da substituição da fonte pelo parquinho na nossa praça.

Alisson Fontes