A troca de saberes contribui para a construção coletiva de agricultores/as
Água, que alimenta a esperança. Terra, que é mãe e precisa de cuidados. Semente crioula, essencial para a agroecologia. Enxada, companhia na lida diária do campo (...). Estes são alguns dos significados, atribuídos por agricultoras e agricultores familiares, a diversos elementos reunidos para fazer ver a interdependência entre elementos fundamentais na produção de alimentos saudáveis, trabalho que desenvolvem em comunidades rurais de Capim Grosso, Caém, Jacobina, Mirangaba e Várzea Nova, na Bahia.
Na última terça (14), foi durante abertura da oficina de planejamento do projeto Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), executado pela Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI) em municípios da Bahia, que expressaram os vínculos com a natureza e materiais que fazem parte da vida rural. A agricultora Maria Costa, 61 anos, que mora na comunidade Mata do Mel, em Várzea Nova/BA, relatou: “nasci e me criei no campo. Minha vida, toda a vida é trabalhando na roça. Plantando milho, mandioca, aipim, feijão. E criei nove filhos tudo na roça (...) e não me arrependo de trabalhar na agricultura”.
Do trabalho no campo, os participantes da oficina também identificaram características da assistência técnica às famílias agricultoras. Destacaram, por exemplo, os cuidados com a preservação do meio ambiente; incentivo à produção de alimentos saudáveis, com base na agroecologia e orientações para fazer aproveitamento ou reuso da água. “O técnico me pergunta como eu cuido das lavouras. Eu explico e eles me dão mais experiências (...). Então, vou cultivando as lavouras com os ensinamentos que eu já sabia e os ensinamentos dos técnicos também”, explicou o agricultor Antônio Amorim, que vive em Caém/BA.
A troca de saberes contribui para a construção coletiva de agricultores/as, técnicos/as, equipe administrativa, colaboradores/as, além de outros/as atores e atrizes que fazem a ATER, desenvolvendo ações que contribuem para a qualidade de vida rural. Ao todo, são oito municípios onde a COFASPI atua por meio do projeto. Sendo que, em cinco deles (Capim Grosso, Caém, Jacobina, Mirangaba e Várzea Nova), são 480 famílias beneficiárias. “A COFASPI surge do princípio de que unidos (...) e organizados somos mais forte em busca dos nossos objetivos”, afirmou um dos coordenadores do projeto na cooperativa, Farnésio Bráz.
A oficina de planejamento foi finalizada nesta quarta (15), após a apresentação dos desafios e soluções apontados por três grupos de discussão, formados com cerca de 50 pessoas que estiveram encontro, realizado no auditório do Centro de Educação Integrada, em Jacobina/BA. Uma das participantes foi a agricultora Estelina Gomes, 72 anos, que mora na Comunidade Estrada Nova. Ela conta que já esteve em diversos encontros como esse e acredita que a participação nos diálogos contribui para as famílias alcançarem conquistas, como exemplo, citou a busca pela garantia do acesso à água, por meio de políticas sociais.
ATER – O projeto executado pela COFASPI, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) do Governo do Estado da Bahia, visa fomentar e fortalecer estratégias de organização da comercialização solidária, além de articulação das famílias para o acesso a políticas públicas. A finalização das ações será no mês de julho de 2016. Nas oito cidades de atuação da cooperativa com a ATER, são 960 famílias beneficiárias que têm visitas técnicas e participam de atividades como reuniões de sensibilização, dia de campo, seminário temático, reuniões de políticas públicas e diagnósticos.
Texto e fotos: Luna Layse Almeida – Ascom/COFASPI
0 Comentários
O Diário da Chapada não se responsabiliza pelos comentários aqui expostos.