Presidente tentará manter apoio do bloco idealizado pelo deputado cassado
Encontro com lideranças das oito legendas ocorrerá nesta quinta no Planalto
Em busca da manutenção dos votos dos partidos que davam sustentação a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Câmara, o presidente Michel Temer irá receber na tarde desta quinta-feira (15), no Palácio do Planalto, os líderes do chamado "Centrão", bloco que reúne legendas de centro-direita da casa legislativa. O grupo é formado por PP, PR, PSD, PTB, PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS e PSL.
O encontro ocorrerá apenas três dias depois de Cunha perder o mandato em uma votação que contou com apoio, inclusive, de integrantes do próprio grupo partidário idealizado pelo peemedebista. Temer pretende assegurar os votos do "Centrão" mesmo após a cassação do principal líder do bloco.
O vácuo de liderança no "Centrão" tem gerado disputas internas entre os integrantes do grupo, que já estão de olho na eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro de 2018.
Os deputados Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF) são alguns dos nomes do bloco cotados nos bastidores para tentar disputar a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Casa.
O Planalto está preocupado que a disputa de poder pelo espólio político de Cunha possa gerar um racha na base aliada. Ex-presidente da Câmara e profundo conhecedor dos meandros políticos da casa legislativa, Temer decidiu conversar imediatamente com expoentes do "Centrão" para acalmar os ânimos e se certificar que bloco vai continuar dando votos ao governo.
Em maio, cinco dias após o peemedebista assumir interinamente o comando do Palácio do Planalto, os líderes dos partidos do bloco anunciaram apoio ao governo do peemedebista.
Foram chamados para a reunião desta quinta lideranças de PMDB, PP, PR, PTB, PSD, SD, PSC e PRB. Juntas, as oito legendas governistas somam 252 deputados, equivalente a 49% das cadeiras da Casa.
O bloco do Cunha
O "Centrão" foi criado no final do primeiro mandato da agora ex-presidente Dilma Rousseff, inicialmente com o nome de "Blocão", e era formado por uma fatia dos partidos que integravam a base aliada da petista.
Capitaneado por Cunha, que à época do surgimento do bloco era apenas o líder do PMDB na Câmara, o grupo de partidos governistas se aglutinou em torno da insatisfação dos deputados com as supostas quebras de acordo na liberação de emendas parlamentares de 2013 e com o fato de, na ocasião, o Palácio Planalto ter trancado a pauta da casa legislativa ao carimbar projetos de seu interesse com o regime de urgência constitucional.
No início de 2015, o bloco que nasceu de um motim na base aliada de Dilma patrocinou a candidatura de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. A vitória esmagadora do peemedebista sobre o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) – candidato que contou com o apoio e o empenho de ministros do governo Dilma –, deu força política ao grupo partidário, que, então, começou a ser chamado de "Centrão".
Nos tempos áureos de poder de Cunha, ao longo de 2015, o bloco impôs diversas derrotas a Dilma na Câmara, aprovando uma série de "pautas-bomba" que corroeram irreversivelmente a base de apoio político da petista na Casa.
Fabiano Costa
Do G1, em Brasília
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