Ex-governador foi preso na Operação Calicute

O esquema do grupo ligado ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) lavou dinheiro comprando bens que incluíram vestidos de festa, joias, uma lancha avaliada em R$ 5 milhões e até cachorros-quentes de uma festa de aniversário do filho do político (veja lista mais abaixo). Cabral foi preso na manhã desta quinta-feira (17), na Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato.

O ex-governador é suspeito de desvios em obras do governo estadual feitas com recursos federais. Ele é acusado de receber propina de empreiteiras, como Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia. O prejuízo  é estimado em mais de R$ 220 milhões.

O G1 ligou por volta das 13h para o escritório e celulares de advogados que representam Sérgio Cabral, mas não obteve retorno até as 15h24.

A informação dos bens comprados para lavagem de dinheiro foi dada durante uma coletiva de imprensa com a presença de procuradores e policiais federais, além de agentes da Receita Federal.

Segundo os procuradores, a lavagem de dinheiro fica caracterizada pelos bens apreendidos: compra de móveis de escritório, seis vestidos de festa da ex-primeira dama Adriana Ancelmo, equipamentos e máquinas agrícolas, blindagem de carros e parcelas de compras de carros. Tudo foi pago em dinheiro vivo. Cerca de R$ 950 mil foram gastos desta forma.

A investigação também aponta transferências de Luiz Carlos Bezerra, um dos presos na operação, que foram feitas para a família de Cabral. Elas foram usadas para pagar faturas do cartão de créditos da mãe de Cabral, Magaly Cabral, e para o cachorro-quente na festa do filho de Cabral – uma compra no valor de R$ 1.070. Outra transferência, no valor de 10 mil dólares, também foi contabilizada para Magaly.


A polícia encontrou ainda a transferência de 10 mil euros para Susana Neves Cabral, ex-mulher de Cabral, e de R$ 30 mil para Adriana Ancelmo.

Lancha apreendida

Segundo informações dadas pelo RJTV, a lancha Manhatan Rio estava guardada na marina do condomínio Portobello, em Mangaratiba, no Rio, onde Cabral tem casa. A lancha está registrada no nome de MPG Participações, empresa do investigado Paulo Fernando Magalhães, mas pertenceria, de fato, a Sérgio Cabral.

Em Mangaratiba também foi apreendida uma motoaquática e obras de arte. Segundo as investigações, Paulo Fernando seria um "laranja" de Cabral.

A investigação também menciona um helicóptero, também no nome de MPG Participações, que pertenceria ao ex-governador do Rio, mas não ficou claro se ele foi apreendido.

Os procuradores também falaram que Cabral e os assessores tinham várias contas bancárias abertas com valores menor que R $ 10 mil, pra fugir da fiscalização.

O material apreendido na operação ainda estava sendo contabilizado e especificado.

Veja lista dos itens adquiridos com dinheiro de propina:

- Seis vestidos de festa para Adriana Ancelmo
- Uma lancha avaliada em R$ 5 milhões
- Um helicóptero
- Uma motoaquática
- Diversas obras de arte
- Joias
- Móveis de escritórios
- Equipamentos e máquinas agrícolas
- Automóveis
- Blindagem de carros

Além dos itens acima, veja os valores das transferências bancárias realizadas por Carlos Bezerra para familiares de Sérgio Cabral:

- R$ 1.070 para pagar cachorro-quente da festa do filho de Cabral
- 10 mil dólares para Magaly Cabral, mãe do ex-governador.
- 10 mil euros para Susana Neves, ex-mulher de Sérgio Cabral
- R$ 30 mil para Adriana Ancelmo, mulher do político.

Em nota, a defesa de Paulo Fernando Magalhães Pinto negou que ele seja laranja de Sérgio Cabral (veja a nota completa abaixo).

1. Inicialmente, é fundamental esclarecer que o mandado contra Paulo Fernando Magalhães Pinto é de prisão temporária (cinco dias) e não preventiva.

2. A lancha Manhattan foi comprada, há cerca de dez anos, por Paulo Marcio Possas Gonçalves, pai de Paulo Fernando, em nome da empresa MPG Participações. A lancha é de uso de Paulo Marcio e da família. A lancha fica permanentemente ancorada na Verolme, na cidade de Angra, e não em Mangaratiba, no Porto Bello. Pode ter sido emprestada a Cabral em raras ocasiões e de forma absolutamente esporádica, como a outros amigos. Porém é inteiramente descabida a suposição de que a lancha pertenceria ao ex-governador.

3. O helicóptero era de propriedade da família Magalhães Pinto Gonçalves, e nunca foi usado por Sérgio Cabral, como registros de aeroportos e heliportos podem comprovar.  Há alguns anos, a família tentava vender o helicóptero, o que ocorreu há alguns meses.

4. Após o fim do governo, Paulo Fernando alugou um conjunto de salas para atividades de suas empresas privadas. Paulo Fernando emprestou uma sala a Sérgio Cabral. Posteriormente, passaram a dividir as despesas do conjunto de salas. Cabral foi incluído no contrato de locação como co-locatário, situação em que permanece atualmente.

5. Paulo Fernando refuta veementemente a suposição de que seria "laranja" de Sérgio Cabral.

Informações do G1