Se a história do Papai Noel se passasse no Brasil e ainda mais especificamente no nordeste, Noel seria "de cor" - discriminado pela maioria -, capaz que se chamasse Zé, ou Jão ou o mais próximo: Painho Manuel. Nada de Papai! Isso se a história já num fosse adaptada para um personagem já bem pular: o "vei do sacão", a final, é o único personagem que temos que anda com saco grande. Mas ai não seria nada poético e a história ao invés de alegrar, assustaria, já que o famoso "vei' ser tão temido pelas crianças, e a fama de bom velhinho se esvaía na história. A butina seria daquelas de couro cru; usaria uma boa regata;
Árvore de natal seria um pé de mandacaru enfeitado; carroça com jegues substituiriam as renas com trenó; lareira seria o fogão a lenha, sem o glamour da descida pela chaminé; percata de couro ficaria no lugar do sapatinho na janela; presente seria uma bela história contada, uma bicicleta, um badogue ou uma boneca de pano, um carrinho de lata ou de madeira...
E tenho certeza que os donos da casa deixariam bem passado um café fresquinho, para o famoso "menozinho", pro compadre apreciar. Mas como a história do Papai aqui não se passa, vou ficando só com as uvas passas, por que comida não há de se rejeitar, sem a hipocrisia da data que a maioria estão a festejar.
Texto da jacobinense Taíse Oliveira
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