Não fale de seu concorrente, não fale gírias e não fale de problemas pessoais, estão entre as dicas

Você finalmente conseguiu passar a fase da análise de currículos e chegou às entrevistas. O mercado está difícil, então a chance precisa ser aproveitada. Para ajudar você a não se queimar, o Classificados e Carreiras falou com José Henrique Pontes de Camargo, sócio da consultoria de RH Grupo Elithe, e José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching. Confira alguns cuidados a serem tomados:

Não fale que sempre quis trabalhar na empresa
Pode parecer tentadora a ideia de demonstrar que você tem uma forte ligação com a empresa, mas evite frases como “sempre quis trabalhar com vocês” ou “compro os produtos de vocês desde criança”. O recrutador não espera que você tenha com a empresa uma relação de consumidor, mas sim que as suas motivações combinem com os valores corporativos. 

Não fale clichês ao descrever-se
Você leu um texto sobre a importância de ser “perfeccionista”, “proativo”, “dinâmico” ou de ter “visão global” e acha que vai pegar bem falar isso na entrevista? Esqueça. Psicólogos estão fartos de ouvir tais adjetivos e sabem que você não está sendo sincero. A escolha dessas palavras indica que você não tem autoconhecimento. Seja original. 

Não fale preconceitos acerca do candidato concorrente
Em dinâmicas de grupo, é possível que os recrutadores peçam que você avalie seu concorrente (“quem deve ir à próxima fase? Quais os pontos fracos dessa pessoa?”). Neste caso, seja sutil, fique focado nos aspectos profissionais do colega e tente sair do assunto ao jogar luzes nas próprias qualidades. Pense que você precisa encantar o recrutador - melhor fazer isso ao destacar seus pontos positivos do que "atirando" o colega na frente do ônibus.

Ao ser indagado sobre problemas enfrentados na carreira, não fale de forma negativa
Diversas pesquisas mostram que funcionários negativistas trazem a equipe para baixo. Ao falar de si mesmo e de suas experiências passadas, faça-o com um tom positivo. Na hora de relembrar falhas, conflitos ou problemas na carreira, fale rapidamente do ocorrido e destaque os aprendizados obtidos na experiência. Isso vai demostrar maturidade para lidar com eventuais conflitos que surgem na sua vida e ilustra que você usa os problemas para aprender a se tornar mais experiente, resiliente e flexível.

Não pergunte sobre questões específicas, como datas de pagamento
Não há problema em fazer perguntas ao entrevistador, se tal abertura for dada. Mas seja sucinto e objetivo. Jamais faça perguntas sobre questões que são pertinentes apenas se você for contratado, como a data de pagamento, o tempo de férias ou o sistema de adiantamento salarial.

Não fale sobre algo que você não tem conhecimento
Nem tente enrolar o recrutador. Isso demonstra despreparo, justamente o contrário do que as empresas buscam: profissionais preparados. Para isso, informe-se sobre a história da empresa, os valores, a missão, o que ela faz no mercado, entre outras informações. 

Não fale de problemas pessoais
Limite-se ao “gosto de passar meu tempo com a minha família”. A entrevista de emprego é hora de falar de seus aspectos profissionais. Portanto, deixe em casa os problemas do namoro ou casamento, a briga com a mãe ou os empréstimos feitos com o banco. Dívidas, aliás, podem passar a imagem de que você é financeiramente descontrolado, o que pega mal para quem postula uma vaga na área de gestão ou financeiro.

Não fale mal dos ex-chefes e ex-colegas
Se você falar mal deles agora, o que garante que, no futuro, você não vai falar mal da empresa onde está fazendo entrevista? Portanto, evite usar adjetivos ruins. Você pode citar o que aconteceu, como as divergências com chefes ou colegas e por que elas ocorreram. Foi uma questão técnica? Falha de comunicação? Problema no equipamento? Se possível, em um segundo momento destaque as qualidades dos ex-chefes e ex-colegas, para demonstrar que você reconhece os pontos positivos deles e que aprendeu com os conflitos.

Não fale que um dos pontos fortes da vaga é o salário
Evite enumerar isso ao detalhar os fatores atraentes na vaga. Dizer isso enfraquece suas chances de continuar nas próximas fases. Afinal, se é o salário que motiva você a tentar a posição, a princípio você tem altas chances de pedir demissão caso outra empresa ofereça uma vaga com um contracheque maior.

Não fale palavrão
Parece óbvio, mas muitas pessoas pecam nisso. Por mais que o recrutador simpatize com você, ele não é seu amigo nem seu familiar. Seja formal e evite palavras de baixo calão.

Não fale gírias
Todos falamos gírias, mas a entrevista com o recrutador é a primeira impressão que você deixa na empresa. Falar palavras do uso corriqueiro dão margem à compreensão de que você não sabe se portar em ambientes mais formais. Isso é um problema para cargos nos quais é preciso lidar com público externo, uma vez que a imagem que um funcionário transmite é, em última medida, a imagem que as pessoas terão da empresa.

Não exagere nos defeitos
O recrutador quer que você seja sincero. No entanto, lembre-se de que você está diante de uma pessoa que não conhece e que quer ter certeza de que você é a pessoa certa para assumir o cargo. Defeitos como “nervosismo”, “desmotivação”, “falta de compromissos”, “atrasado”, “dificuldade em respeitar hierarquias ou seguir regras” ou “estressado” não devem ser mencionados. Escolha outros defeitos e cite o que você faz para melhorá-los.  

Estadão Conteúdo
Foto: Pixabay/Reprodução