Média atingida é suficiente para curso de sistema de informação na UFMS.
Dos 913 presos que fizeram exame, 58% tiveram aprovação total ou parcial.


O detento do Estabelecimento Penal Ricardo Brandão, em Ponta Porã, Rafael Antunes de Brito, conseguiu 920 pontos na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016. Com isso, a média alcançada é suficiente para ele se inscrever no curso de sistema de informação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Por cumprir pena em regime fechado, a esperança de Brito é conseguir segurar a vaga para o próximo ano, já que a previsão de conseguir o benefício de progressão de regime daqui a sete meses.

Brito é um dos 529 presos de Mato Grosso do Sul que conseguiu aprovação total ou parcial no Enem para Pessoas Privadas de Liberdade, conforme os dados da Divisão da Educação da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Ao todo, 913 custodiados realizaram as provas nos dias 13 e 14 de dezembro de 2016.

Na lista dos aprovados, 64 reclusos conseguiram certificação total, ou seja, atingiram boas notas em todas as disciplinas. Entre eles, sete se destacaram e alcançaram média que os qualificam para cursarem o ensino superior por meio dos programas oferecidos pelo Ministério da Educação.


Michael Lobato Coutinho também cumpre pena na mesma unidade de Brito. Com 742 pontos na nota de corte, conquistou uma vaga no curso sistema de informação da UFMS. Agora em regime semiaberto, o reeducando garantiu a pré-matrícula e sonha com futuro diferente.

Preso durante dois anos e oito meses no regime fechado, por tráfico de entorpecentes, Coutinho se preparou com os livros e apostilas da biblioteca do estabelecimento prisional. Ele disse que sempre sonhou em fazer programação de computador.

Segundo a chefe da Divisão de Educação da Agepen, Rita de Cássia Fonseca Argolo, apesar dos bons resultados, o principal foco do Enem PPL é a certificação do ensino médio, principalmente no caso dos internos do regime fechado, que necessitariam de autorização judicial e até mesmo escolta policial para conseguirem cursar uma faculdade.

Conforme ela, os outros seis apenados aprovados estão todos no regime fechado e são de unidades de Aquidauana, Jardim, Corumbá e Ponta Porã.

Foco na educação
A educação, em todos os seus níveis, tem sido uma das principais apostas da Agepen objetivando a promoção da reinserção social, com uma política educacional implantada nos estabelecimentos penais do estado em conjunto com a Secretaria de Estado de Educação.

Esse incentivo tem refletido em índices positivos para Agepen, já que além das aprovações no Enem e possibilidade de ingresso em universidades, aos detentos também são ofertadas oportunidades de cursar a faculdade dentro do próprio presídio, por meio de parcerias da agência penitenciária com instituições educacionais, além do ensino regular oferecido pela Escola Estadual Polo “Regina Anffe Nunes Betine”, criada exclusivamente para atender ao sistema prisional.

Um levantamento da Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen revela que, durante 2016, 24 reeducandos cursaram ensino superior dentro das unidades prisionais do estado; com acesso às plataformas on-line de ensino; outros 2200 frequentaram os ensinos fundamental e médio pelo sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA), além 800 terem participado de capacitações profissionais.

Até mesmo o acesso à pós-graduação é possibilitado, com dois internos da capital se especializando em Coaching e Liderança, atualmente.

Do G1 MS