Em Minas Gerais, estado mais afetado pela doença, 47% dos municípios com recomendação para a vacina tinham menos de 50% de cobertura vacinal no ano passado.


Em informe publicado nesta segunda-feira (20), o Ministério da Saúde afirma que "havia uma grande proporção de municípios que estavam com baixas coberturas vacinais" no ano passado e que "este fato pode ter contribuído para a rápida expansão" da febre amarela. Essa relação feita pelo governo federal acompanha a divulgação de dados comparativos sobre a abrangência da vacina em 2016 e neste ano.

Nos municípios com recomendação de vacina, a meta é imunizar 95% dos moradores, inclusive nos anos anteriores. Em 2016, as mesmas 533 cidades de Minas Gerais já estavam incluídas para receber as doses -- 47,4% delas não alcançavam 50% de cobertura; outros 47,8% dos municípios tinham entre 50% e 94,9% de seus moradores vacinados; com mais de 95%, estavam apenas 4,6% das cidades mineiras com recomendação de vacina.

Os estados vizinhos Espírito Santo, segundo mais afetado pelo atual surto, e Rio de Janeiro, que passou a registrar casos confinados na última semana, não estavam na área recomendada de vacinação da doença em 2016.

Já São Paulo, o terceiro estado com o maior número de casos confirmados, já indicava a vacina para 118 dos 125 municípios que hoje precisam se vacinar -- ou seja, desde o início do surto, sete novas cidades foram acrescentadas à lista para receber as doses pelo Sistema Único de Saúde (SUS).


Nas cidades paulistas, em 2016, 26,4% estavam com mais de 95% de sua população vacinada em 2016. Outros 64% dos municípios estavam na faixa de 50% a 94,9% de cobertura vacinal. O estado tinha 9,6% das cidades recomendadas com menos de 50% de seus moradores vacinados.

"Sempre esteve abaixo [a cobertura vacinal]. E não tenho dúvida que isso influenciou. Eu disse outro dia: o governo deveria ter um programa permanente para vacinar a área rural, mas não existe esse programa", disse o médico Marcelo Simão, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

"E eu acho também que perdemos muita vacina. Vacinam indivíduos que nunca saem da cidade, moram em cobertura, moram em prédio e nunca vão para as áreas rurais", completou. Simão disse, no entanto, que esse não é o principal motivo do surto. "Ainda não sabemos porque aparece primeiro a epizootia em macaco. Como a gente não sabe, precisamos estar prevenidos".

Até a sexta-feira (17), foram notificadas 1.249 epizootias em primatas não humanos, sendo que 389 foram confirmadas, 394 ainda precisam ser investigadas e 12 foram descartadas.

Número de casos

De dezembro de 2016 até 17 de março deste ano, o Ministério da Saúde recebeu 1.561 notificações de casos suspeitos de febre amarela no Brasil. Destes, 448 foram confinados, 850 são investigados e 263 foram descartados.

Em Minas Gerais, o número de casos chega a 379. O Espírito Santo tem 93 e, São Paulo, 4. De acordo com o boletim desta segunda, a taxa de letalidade da doença é de 32,1% e 188 municípios brasileiros tiveram febre amarela. Desde o início do surto, 144 pessoas morreram devido à doença no país.

Por enquanto, não há confirmação de que a febre amarela tenha chegado às áreas urbanas, onde a transmissão iria ocorrer por meio do Aedes aegypti. Todos os casos ocorreram em áreas rurais, de mata ou silvestres, atingindo municípios do interior dos estados, de acordo com o Ministério da Saúde. Nessas regiões, os mosquitos que transmitem a doença são o Sabethes e o Haemagogus.

Por G1