Se a criança tem até 7 anos de idade, especialistas garantem que é possível estimulá-la com mais facilidade de obedecer
“Tudo o que eu peço, ela faz o contrário. Às vezes, perco a cabeça”, conta a cabeleireira Marlene Dias, mãe de Monique, 5 anos. Como ela, muitas mães sentem dificuldade em fazer com que os filhos obedeçam. Com ajuda de especialistas em educação e psicologia infantil, selecionamos dicas que vão acabar com essa tormenta e permitir um desenvolvimento mais tranquilo e saudável para o seu filho - e menos cansaço para você.
1. Eduque sem culpa
Entender que existem regras faz parte de um importante processo de aprendizagem da criança. Por isso, os pais devem sentir-se autorizados a educar. “Eles têm essa função e serão cobrados por isso”, diz Isabel Kahn, psicóloga e professora da PUC-SP. Os pais que trabalham devem administrar o sentimento de culpa. “Quando a mãe explica que precisa trabalhar, o filho pode sentir falta dela, mas ele compreende a situação”, garante.
Por isso, os especialistas são unânimes em afirmar: nada de tentar compensar a ausência por meio da superproteção ou de permissividade. “Ao perceber que os pais se sentem culpados, a criança pode adotar comportamentos manipuladores”, alerta a psicanalista Patrícia Nakagawa, mestre em psicologia escolar, aprendizagem e desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo.
2. Crie um bom vínculo afetivo
Demonstre carinho, converse e brinque. Assim, você cria uma maior cumplicidade com a criança. Segura de que tem a atenção dos pais, ela aprende que não precisa recorrer à desobediência para chamar a atenção. Dessa maneira, quando você precisar impor uma regra, a criança compreenderá mais facilmente que há momentos em que ela deve obedecer.
“Para criar um bom vínculo com uma criança não é preciso dar presentes ou mimar demais, mas brincar com ela”, afirma a psicóloga Suzy Camacho, autora do livro “Guia Prático dos Pais” (Edit. Paulinas). Ao chegar do trabalho, dedique pelo menos 15 minutos para brincar. “A qualidade da interação é muito mais importante do que a quantidade”, completa a psicóloga Juliana Nutti, que é doutora em Educação pela UFSCAR e coordenadora do curso de especialização em Psicopedagogia do Centro Universitário Central Paulista.
3. Valorize o papel da criança
Seu filho precisa conhecer a importância dele na família. Para isso, é bom que ele tenha o seu lugar reservado na mesa de jantar e seja ouvido pelos pais. “A criança deve saber que obedecer aos pais contribui para o desenvolvimento de uma dinâmica familiar harmoniosa, na qual todos são recompensados”, explica Juliana Nutti.
4. Crie uma rotina
Utilize o bom senso e estabeleça uma rotina para o seu filho. “A rotina é fundamental, pois traz segurança e faz com que a criança se sinta cuidada. Aos poucos, dê-lhe uma certa autonomia para executar pequenas ações sozinhos. A criança gosta de sentir-se capaz”, garante Adriana Tanasovici, psicopedagoga do colégio SAA, em São Paulo. Uma rotina bem adaptada ao ritmo da criança reduz a ansiedade, faz com que ela se lembre de algumas tarefas cotidianas, como escovar os dentes após as refeições, e tenha um sono de qualidade.
5. Dê ordens claras
Dialogue sempre, use linguagem adequada à faixa etária da criança e tom firme. Ao dar uma ordem, olhe nos seus olhos da criança. É preciso persistência, mas psicólogos garantem que funciona: “Diga o que ela deve fazer uma única vez. Aguarde alguns minutos e verifique se ela já fez o que você pediu. Se não, pegue-a pela mão e a acompanhe na execução. Repita até que ela se condicione a atendê-lo”, diz Suzy Camacho.
6. Esteja preparado para lidar com a desobediência
Ao desobedecer, a criança busca uma satisfação momentânea, nem sempre o seu objetivo é afrontar o adulto. Por isso, aja com calma e firmeza. “Não se pode dizer não aleatoriamente, mas é fundamental sustentá-lo quando for preciso, pois a criança tem que saber que ela não pode pular uma janela ou não deve agredir o coleguinha”, ressalta Isabel Kahn.
7. Diante da birra, fique firme
Quando a criança começar a fazer birra, mantenha a calma. Reforce que você não poderá atendê-la naquela hora e seja objetiva. “Se estiver em público, não se preocupe com os comentários ou olhares das pessoas. Também não faça discursos ou ameaças enquanto a criança estiver chorando. Apenas tente desviar a atenção dela para outra coisa, mas não ceda”, afirmou Suzy Camacho. “Os pais precisam ouvir as necessidades da criança, não a birra”, observou Adriana Tanasovici.
8. Oriente a babá
Combine com os cuidadores as diretrizes da educação do seu filho.“Esse diálogo é imprescindível para que não se estabeleça um relacionamento conflitante e a criança fique confusa”, explica a psicanalista Patrícia Nakagawa.
9. Educa-se o tempo todo
Lembre-se: educar é uma atividade contínua e você precisa dar o exemplo. “A educação é um processo que não ocorre apenas em situações de desobediência. A criança aprende muito por meio do que observa em seu cotidiano”, diz Patrícia Nakagawa. Por isso, seja verdadeiro.“Se enganamos ou mentimos uma vez, as crianças podem perder a confiança nos pais”, completa Adriana Tanasovici.
Fonte: Delas - iG
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