Falar mal da empresa, do salário, do chefe ou do colega de trabalho, além de criar um ambiente de conflito e tensão, pode resultar em demissão por justa causa.
WhatsApp, Twitter, Facebook, Instagram. É só o celular apitar para logo atiçar a curiosidade de conferir quem falou ou fez o quê. Não à toa, as redes sociais acompanham a rotina das pessoas e dos profissionais quase que 24 horas por dia. Seja para auxiliar o trabalho, seja para postar uma foto com o colega ou um vídeo de comemoração pela chegada da sexta-feira. Mas cuidado: se no dia a dia deve-se ter cautela com o vício nas redes sociais, no ambiente profissional o cuidado deve ser redobrado, principalmente com o que é postado e o tempo gasto.
No trabalho, por mais que não sejam explícitos, existem limites e regras de conduta a serem seguidos quanto ao uso destas ferramentas de interação social. Falar mal da empresa, do salário, do chefe ou de um colega de trabalho, por exemplo, além de criar um ambiente de conflito e tensão, pode resultar em demissão por justa causa.
De acordo com o advogado trabalhista, Vitor Castim, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não proíbe ou regulamenta o uso das mídias sociais. No entanto, se a utilização for indevida, prejudicando o desempenho das funções, e se informações confidenciais forem divulgadas, expondo a empresa, o funcionário pode ter o contrato rescindido. “Na legislação trabalhista, não existe especificamente proibição sobre o uso de rede social. Mas, em ambiente de trabalho privado da empresa, o empresário tem a liberdade para instituir se permite ou não“, explica.
Para a presidente do conselho deliberativo da ABRH Seccional Bahia, Denilde Pereira, “as redes representam um avanço nas comunicações que é inegável. Não dá para proibir, mas o que a empresa precisa fazer é analisar se esse uso está interferindo na produtividade, e assim buscar soluções educativas”. Ela aconselha o trabalhador a ter sempre bom senso e a não confundir assuntos pessoais com profissionais, assumindo responsabilidade com o que é publicado.
O consultor nas áreas de RH, estratégias, finanças e marketing, Osvaldo Matos, conta que já teve que lidar com um caso de uso indevido das redes sociais por parte de médicos durante a consulta, em uma empresa na qual prestou consultoria. O problema chegou a afetar o faturamento, além de ter perda de pacientes. Mas, ao invés de tomar medidas de proibição ou rescisão de contrato, solucionou com ações de comunicação interna para ajustar e oficializar o uso, com restrições.
Uma das mudanças foi agregar a foto com os pacientes, para garantir a melhoria da interação. Matos afirma que a solução para que as empresas e os funcionários possam aprender a lidar com as redes sociais é estabelecer regras de uso.
Além de estratégias de comunicação e do diálogo direto, um exemplo de medida, em um caso mais extremo, é o bloqueio automático do acesso à sites específicos. Osvaldo explica que as empresas podem tomar medidas deste tipo, mas o ideal é a conversa ao invés da censura. “Tudo que é acordado não sai caro”.
Dicas de como se comportar com as redes sociais
Imagem Nas redes sociais, você pode estar sendo visto o tempo todo. E isso se torna ainda mais frequente quando o chefe ou os colegas seguem o seu perfil. Cuidado: a imagem pessoal e a profissional são indissociáveis. Reflita sobre como quer ser notado e se o que deseja postar é adequado.
Seleções As mídias são fontes de pesquisa durante o processo seletivo, nas quais a empresa identifica quem é o candidato. Atenção com o que publicar, os tipos de comentários e de postagens revelam quem você é.
Linguagem Evite termos chulos, palavrões e escrever errado. Você pode estar sendo analisado.
Lei Conforme as normas da CLT, falar mal da empresa, do salário, do chefe ou do colega pode resultar em demissão por justa causa. Divulgar informações confidenciais ou expor a empresa também. Pense antes de postar fotos e vídeos do trabalho.
Profissionalismo Não confunda assuntos pessoais com profissionais. Antes de postar qualquer conteúdo, pense: “Qual a minha intenção com isso?”. Expor e utilizar a imagem da empresa com o objetivo pessoal de se promover é proibido. Use o bom senso e a ética para filtrar suas ações.
Acordo Cada empresa estabelece suas regras para as redes sociais. Converse com seus superiores. O que é proibido por um empregador pode ser permitido por outro.
Renata Drews/Rede Bahia
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