O projeto tem uma capacidade máxima de reúso de 800 m³/h, o que corresponde ao consumo de uma cidade com 200 mil habitantes.
Reutilização de água de chuva, de torres de refrigeração, racionalização de consumo, produção de água de poços na região do complexo industrial e mais o reúso das correntes descartadas como efluente.
Em tempos de crise hídrica no estado, onde a escassez do recurso fez com que a Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa) reduzisse o bombeamento de água da Barragem de Santa Helena para o Polo Industrial de Camaçari, de 2 mil m³/hora para 1,1 mil m³/hora, as unidades operacionais não deixam escapar nem uma gota de água.
Investimentos em tecnologia limpa, que chegam a alcançar o volume de R$ 15 milhões com o objetivo de tornar o negócio não só sustentável, mas também competitivo. Junto com a Braskem, a Cetrel desenvolveu um projeto de reúso no Polo onde as águas pluviais junto com correntes de efluentes não contaminados são tratadas e usadas em atividades compatíveis com esse tipo de água como, por exemplo, nas torres de refrigeração.
A empresa de serviços ambientais é responsável pelo tratamento dos resíduos hídricos e sólidos das plantas operacionais de todo o Polo Industrial. Ao todo, a Cetrel chega a receber efluentes de mais de 60 unidades industriais. O projeto tem uma capacidade máxima de reúso de 800 m³/h, o que corresponde ao consumo de uma cidade com 200 mil habitantes.
“A crise hídrica que passa em nosso estado é, sem dúvida, uma das mais severas das últimas décadas. Em 2016, a média do índice pluviométrico na região foi de apenas 765mm.
Anteriormente, tínhamos índices típicos de 1600mm, e já vínhamos observando um decréscimo da pluviosidade nos últimos anos”, diz o responsável pelo gerenciamento ambiental da Cetrel, Eduardo Fontoura.
Ecoeficiência
A falta de chuva afetou os reservatórios superficiais que abastecem as indústrias. “O Polo possui uma grande demanda por esse recurso natural e tem buscado maior ecoeficiência para produzir mais usando menos”, destaca Fontoura.
“Os resíduos líquidos perigosos, em geral, são destinados à incineração e os efluentes industriais são destinados à estação de tratamento. Lá, após um rigoroso processo de eliminação da carga poluidora, são dispostos no mar a 4,8 km da costa por meio de um emissário submarino”.
A Cetrel e a Distribuidora de Águas de Camaçari (DAC) não só trata e distribui água para boa parte das empresas do Polo. Ela capta água bruta, proveniente tanto de rios, poços, lagos quanto de águas subterrâneas. “As empresas têm se conscientizado mais. Ou investe-se nessas práticas ou o negócio pode se tornar inviável e insustentável”.
Mais iniciativas
Outra fonte onde a indústria tem buscado soluções para expandir as tecnologias limpas são as universidades. Na Deten Química, por exemplo, o Programa Efluente Zero (PEZ) é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba).
A fábrica produz a matéria-prima básica para detergentes biodegradáveis líquidos e em pó. Entre as iniciativas do programa está a Auditoria Hídrica praticada mensalmente pelos operadores de processo.
No último ano foram realizadas mais de 600 medições para controle de água na fonte para reduzir perdas. “88 mil m³/h de água por ano deixaram de ser enviados para tratamento e disposição final. A vazão de perdas de efluente orgânico, que era de 15m³/h em 2003, foi reduzida para menos de 5 m³/h em 2016”, avalia o coordenador de Proteção Ambiental, Segurança e Qualidade, Ricardo Rappel.
De acordo com ele, a maior demanda por água está no processo de resfriamento para controle da temperatura das correntes quentes. Grande parte acaba sendo perdida na evaporação, exigindo reposição permanente do recurso.
O reaproveitamento de água da chuva também reduziu o consumo na Monsanto. O reservatório instalado na área da fábrica para fazer a captação pluvial tem capacidade de 11 mil m³. Com o programa, a empresa economizou uma média anual de R$ 300 mil na conta de água da unidade, responsável pela produção da matéria-prima para a fabricação do glifosato, componente presente em herbicidas.
Em sete anos, foram economizados quase 580 milhões de litros, água suficiente para suprir uma cidade de 120 mil habitantes por um mês. “Aproveitamos um recurso natural que seria descartado. Reduzimos não apenas o consumo total de água captada, mas também o volume total de efluentes gerado”, ressalta a engenheira de meio ambiente da unidade de Camaçari, Suzana Carneiro.
Priscila Natividade - Rede Bahia
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