Quando o uso do Whats ou das redes sociais é exagerado, pode levar a um estado de tensão contínua.
“O WhatsApp saiu do ar e acabei de conhecer uma galera em casa; estão falando que são minha família”.
Esta frase rodou pelas redes sociais e, não obstante o exagero da piada, o conteúdo assemelha-se a uma cena real que todos certamente já presenciamos alguma vez na vida: duas pessoas, sentadas à mesa de um restaurante, ambas com um celular na mão, conversando animadamente com outra pessoa em outro lugar ou com um grupo de pessoas, geralmente associados em um nome peculiar como “amigos da academia”. As duas pessoas à mesma mesa de vez em quando param de digitar e trocam algumas palavras.
Quantas boas conversas presenciais perdidas! Conversas sinceras, olho-no-olho, onde a expressão facial nos faz entender melhor os sentimentos alheios, com muito maior sinceridade e veracidade do que todos os tipos de carinhas amarelas ou de coraçõezinhos vermelhos pulsando... vazios de emoção.
Sem saudosismo pueril, esse é o mundo de hoje e a ele vamos nos adaptando a cada dia que passa correndo. Mas, enquanto seres racionais que somos, refletir sobre a contemporaneidade é nossa obrigação e, por isso, não é descabida a pergunta: WhatsApp e outras formas de comunicação digital fazem bem ou mal para a saúde?
Como um medicamento que pode fazer bem ou mal, o uso da comunicação digital também depende da dose com que é utilizada. Pode nos dar felicidade, alegrias, curar alguns males ou, ao contrário e no sentido oposto, causar uma intoxicação.
O mais recomendado é o uso equilibrado, sem jamais perder a noção do bom senso e – principalmente- da boa educação. Isto pode parecer absolutamente óbvio, mas boa parte das pessoas tem extrema dificuldade em conseguir.
Quando o uso do Whats ou das redes sociais é exagerado, pode levar a um estado de tensão contínua - muitas vezes imperceptível, posto que cotidiano - que pode, sim, causar danos à saúde física e mental.
O uso sem senso e em tempo integral do WhatsApp ou das mensagens digitais em redes sociais faz com que as pessoas vivam em constante estado de “ligação”. Em todos os sentidos. O “estar ligado” horas e horas seguidas: no banheiro, na cama, no cinema, na academia e onde mais for possível, falando com muitas e muitas pessoas simultaneamente, seja jogando conversa fora, seja resolvendo problemas, pendências de trabalho ou de situações pessoais, não permite um estado mais prolongado e necessário de relaxamento mental.
Este volume exagerado e ininterrupto de mensagens leva a uma liberação contínua de adrenalina que tem como consequência um estado de estresse que pode, por sua vez, potencializar males que, por esta e outras razões, aumentam sua incidência nos dias de hoje como hipertensão, enxaqueca, cefaleias tensionais, ansiedade, insônia e depressão. Jovens adultos ligadíssimos que o digam.
Por mais inócuas que as conversas banais possam parecer, tiram um tempo em que antes se passava com uma “contemplação do nada”. O que seria isso? Pode parecer estranho, mas para a saúde - física e mental - é essencial alguns períodos de “desligamento” do mundo para que as energias se renovem.
Para preservar nossa saúde mental, os pensamentos e sentimentos dos momentos recentemente vividos precisam de um tempo para se organizar em nossa mente. As emoções precisam decantar um pouco, de tempos em tempos, ao longo do dia. Necessitamos de alguns momentos de pausa para elaborar melhor o que nos cerca. Cotidianamente. Este é o significado do “olhar para o nada”, de quando em vez ao longo do dia.
Para a saúde física, é importante desacelerar a adrenalina, para que os batimentos cardíacos sigam ritmados e tranquilos, para que a respiração se acalme e para que os músculos relaxem um pouco, deixando a circulação mais tranquila e menos propensa a surpresas desagradáveis.
Para sua saúde física e mental, portanto, períodos de “desconexão” ao longo do dia são essenciais. Pratique-os.
Comunicação é um dos pilares que movimenta o mundo neste século. Estar conectado é essencial para se comunicar. No entanto, seja soberano de você mesmo. Não há uma regra universal: cada um sabe de si. Dite suas próprias regras- com base em suas reflexões sobre sua saúde - e seja feliz e saudável com elas.
Por Dra. Ana Escobar - G1
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