A participação dos nordestinos, segundo o diretor do IMPA, Marcelo Viana, segue uma tradição.
O Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) apresentaram hoje (13), no Rio de Janeiro, os seis jovens que representarão o Brasil na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, em inglês), a ser realizada pela primeira vez no Brasil, entre 17 e 23 de julho, no Rio. A equipe contará com três estudantes do Nordeste, dois de São Paulo e um de Minas Gerais, e terá dois professores nordestinos como líder e vice-líder da delegação.
A participação dos nordestinos, segundo o diretor do IMPA, Marcelo Viana, segue uma tradição. "Não chega a ser surpreendente", diz ele. "É uma tradição bastante antiga. Algumas escolas, sobretudo de Fortaleza e de Recife, são escolas tradicionais e que sempre se empenharam no apoio aos alunos. E a escola tem um papel fundamental". Além dos alunos, o professor alagoano Krerley Irraciel Martins é o líder da delegação, e o cearense Frederico Vale Girão, o vice-líder.
Os jovens têm idades de 16 a 19 anos e saíram de um processo de seleção que começou na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Davi Cavalcanti Sena, do Recife, e Bruno Brasil Meinhart, de Fortaleza, são os mais jovens do time, com 16 anos. Além de terem a mesma idade, eles cursam o ensino médio na Escola Ari de Sá Cavalcanti, em Fortaleza.
Bruno conta que, desde que o amigo chegou de uma escola de Caruaru, em Pernambuco, eles passaram a ser praticamente uma família: "Assistimos aula juntos toda semana e passo mais tempo com ele do que com meus irmãos. A gente é uma família mesmo, e acho que graças a ele a gente conseguiu chegar aqui firme forte".
O outro estreante na IMO é o paulistano André Yuji Hisatsuga, de 17 anos, e, entre os mais velhos do time, há três estudantes que representaram o Brasil na olimpíada de Hong Kong, em 2016, quando o país teve sua melhor posição no ranking internacional: 15º lugar.
O paulista Pedro Henrique Sacramento de Oliveira, 17 anos, trouxe uma medalha de prata e o cearense George Lucas Diniz de Alencar, de 18, uma de bronze. Eles completam o time com o mineiro João César Campos Vargas, de 19 anos, que participará de sua terceira edição na competição.
O mineiro já garantiu uma vaga para cursar matemática na universidade americana de Princeton, a partir de agosto. Seu percurso começou em uma escola pública de Passa Tempo, em Minas Gerais, e ele acredita que participar das competições fez diferença para chegar até uma das principais universidades do mundo.
"Apesar das universidades americanas quererem que você seja um bom aluno na escola, eles também querem saber se você tem algo especial que você gosta e a que você se dedica", diz ele, que vai cursar matemática."A estrada é muito longa. Pouco a pouco, você vai vendo portas se abrirem como programas de iniciação científica, que ajudaram muito".
Biênio da Matemática
A seleção foi anunciada na apresentação do Biênio da Matemática Brasil 2017-2018, instituído pela Lei 13.358, de novembro de 2016. No período, o Brasil vai sediar importantes eventos da área, como a Olimpíada Internacional de Matemática de 2017, o Congresso Internacional de Matemáticos de 2018 e o Encontro Mundial de Mulheres Matemáticas.
O diretor do IMPA espera que o biênio aproveite essa movimentação científica para melhorar a relação dos brasileiros com a matemática.
"A matemática não é para gênios, é para todo mundo e todo mundo usa", afirmou Viana, que torce para que a seleção estabeleça um novo recorde de medalhas para o Brasil na olimpíada.
Vinicius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
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