O Estado da Bahia é o quarto da Região Nordeste
O incentivo ao empreendedorismo e a realização de obras de infraestrutura em dez bairros fizeram com que Juazeiro, cidade de 221 mil habitantes, na região norte da Bahia, batesse o recorde estadual de geração de empregos formais em 2017, segundo revelam dados divulgados no dia 26 de janeiro, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho (MT).
A maior parte das vagas no município foram geradas no setor público, com 559 postos de trabalho, justamente por conta das obras da prefeitura. O setor do agronegócio, com o cultivo de frutas e a fabricação de açúcar também contribuíram para a alta. “Estamos com várias frentes de ação para gerar emprego e formalizar a atuação dos trabalhadores informais, como a Sala do Empreendedor, criada em agosto de 2017 para que as pessoas se tornem Microempreendedores Individuais (MEIs) e sejam capacitadas para atuar nos seus ramos de trabalho”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária de Juazeiro, Tiano Felix.
Ainda segundo informações do Caged, a Bahia fechou a geração de empregos formais em 2017 de forma positiva no acumulado dos 12 meses do ano, com saldo de 839 postos de trabalho com carteira assinada. No total, no estado ocorreram 574.145 admissões contra 573.306 demissões, uma variação de 0,05% em relação ao mesmo período de 2016, aponta o Caged.
De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o resultado durante todo o ano de 2017 colocou o Estado na décima segunda posição no ranking nacional de geração de empregos e na quarta colocação na região Nordeste.
Para quem mora em outras cidades e está sem emprego, no entanto, não é recomendável se mudar para Juazeiro para tentar prosperar na vida, alerta o professor Amilton de Moura Ferreira Júnior, da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
“Os empregos de Juazeiro são absorvidos pela própria população local. A cidade está num dos cinco polos produtivos da Bahia, com o agronegócio no Vale do São Francisco, e por isso tem esse destaque na área”, observou.
Setores de destaque
Desde fevereiro de 2017, o dentista Cláudio Fariello, 43, que reside em Alagoinhas, no nordeste do estado, viaja 1.550 km para fazer atendimentos uma vez por mês na rede privada de saúde bucal em Vitória da Conquista, Jânio Quadros e Piripá. “Atendo também em Alagoinhas, mas como tinha contatos no Sudoeste, por ter morado em Conquista, dei continuidade aos atendimentos nas cidades da região. Apesar do cansaço das viagens, estou tranquilo com o trabalho”, conta.
A área de serviços em Odontologia está entre os destaques na geração de empregos em 2017 na Bahia, ao lado dos serviços médicos e veterinários. No Estado, os setores que mais contribuíram para alta do emprego foram os de serviços, com mais de 2,5 mil vagas; agropecuária, com mais de 2,1 mil empregos formais, administração Pública, serviços industriais de utilidade pública e indústria de transformação.
De acordo com o Caged, esse comportamento do emprego na Bahia no decorrer do último ano foi o que diminuiu o impacto do fechamento de 12.457 vagas no mês de dezembro, quando houve uma retração natural no emprego em todo o país.
Os dados do Caged também apresentam melhoria no emprego no Brasil em 2017, com o fechamento de 20.832 vagas, uma redução de apenas 0,05% em relação ao estoque de dezembro de 2016.
“Para os padrões do Caged, esta redução em 2017 é equivalente à estabilidade do nível de emprego, confirmando os bons números do mercado na maioria dos meses do ano passado e apontando para um cenário otimista neste ano que está começando”, afirmou o ministro do Trabalho substituto, Helton Yomura.
O otimismo é justificado pela comparação do saldo acumulado de 2017 com o fechamento de 2016, que apresentou um saldo negativo de 1.326.558 vagas, e de 2015, quando houve queda de 1.534.989 postos de trabalho no país, na série ajustada.
Investimentos públicos
Para a SEI, os investimentos públicos ao longo dos últimos anos e em 2017 (cujo balanço ainda não foi fechado) foram essenciais para a geração de empregos na Bahia no decorrer do ano.
Os dados da SEI apontam que em 2016 os investimentos do Governo do Estado chegaram a quase R$ 3 bilhões. De 2007 a 2015, foram mais de R$ 17,3 bilhões.
Secretária do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Maria Olívia Santana avalia que a geração de empregos na Bahia terminou o ano com saldo positivo em 2017 graças a políticas públicas que foram fortalecidas ao longo dos anos. “Cito como exemplo dessa política pública o Serviço de Intermediação para o Trabalho (Sinebahia), por meio do qual já encaminhamos 38 mil pessoas para o mercado de trabalho em 2017”, afirmou a secretária.
“Nossa ideia para 2018 é continuar lutando para que as pessoas possam ter melhor qualificação profissional, que é uma necessidade que o mercado ainda tem, de pessoas mais qualificadas. Vamos ampliar os cursos para melhor qualificação, não só de quem está precisando de emprego, mas também quem está empregado e precisa se aperfeiçoar”, completou Olívia Santana.
Professor aposentado da Faculdade de Economia da Ufba, Oswaldo Guerra lembrou que obras grandes como a do metrô de Salvador, ajudaram no desempenho positivo do emprego na Bahia. “No caso de Salvador, os setores de serviços e comércio tem reagido mais lentamente à melhora nacional, que também foi pouca, e pior está a construção civil, que ainda busca vender o que ficou acumulado de anos anteriores. Há tempos que não se vê a inauguração de uma grande obra da iniciativa privada na construção civil”, comentou.
Baixas
A construção civil, em crise há cerca de cinco anos, lidera o saldo negativo na Bahia, com menos 6.522 postos de trabalho, seguido do comércio (-833) e indústria extrativa mineral (-127).
Apesar de serem considerados elevados, em relação a outros estados, os investimentos públicos ainda não foram capazes de tornar positivas a geração de empregos na capital e outras cidades da RMS, como Lauro de Freitas, campeã estadual do saldo negativo na geração de empregos em 2017.
Com a área de serviços, comércio e construção civil afetadas pela crise nacional, a cidade de Lauro de Freitas fechou o ano passado com menos 5.361 postos de trabalho formais. Em segundo lugar na Bahia aparece Salvador, com menos 3.696 vagas.
A geração de emprego em Jequié, terceira colocada no saldo negativo, foi afetada pela redução de empregos no setor de calçados de couro, com menos 778 empregos na área, causados, segundo a prefeitura, por um desequilíbrio nas contas das empresas que atuam no ramo.
“Essas empresas costumam contratar mais e menos no decorrer do ano, a depender de uma moda de sapato, da quantidade da produção. Sempre tinha um equilíbrio ao final do ano, mas em 2017 não conseguiram controlar”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico de Jequié, Celso Galvão.
Em Lauro de Freitas, o secretário de Trabalho, Esporte e Lazer, Uilson de Souza, disse que o município está buscando dar apoio a setores como agricultura familiar e economia popular para amenizar o impacto da falta de renda na cidade.
“Diante da falta de empregos, causada pelo cenário econômico nacional, estamos buscando fazer isto para as pessoas terem renda. Em fevereiro vamos lançar edital de compras de produtos diversos, beneficiando mais três mil pessoas”, declarou.
Na capital, o setor que mais tem sofrido com a falta de emprego é o de bares e restaurantes e a construção civil. Aliado a issom a falta de qualificação profissional está impedindo que muitas pessoas consigam um trabalho.
Em 2018 será uma meta da pasta oferecer mais qualificação para as pessoas, disse o secretário, que deseja ainda fortalecer e ampliar os atendimentos do Centro do Empreendedor Municipal (CEM), voltado para a formalização de atividades profissionais. Em 2017 foram mais de 11.000 atendimentos.
Dezembro teve saldo negativo na Bahia
De acordo com informações do Caged, sistematizadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), a Bahia fechou 12.457 postos de trabalho com carteira assinada em dezembro de 2017: foram 36.540 admissões e 48.997 demissões.
Setorialmente, em dezembro, os segmentos que contabilizaram saldos negativos foram agropecuária (-3.485), serviços (-3.381), construção civil (-3.126) e indústria de transformação (-2.913). O setor de comércio foi o destaque positivo, com geração de 509 postos de trabalho.
Em relação ao saldo de postos de trabalho, a Bahia ocupou a nona posição dentre os estados nordestinos e a vigésima dentre os estados brasileiros em dezembro de 2017, informa a SEI.
No Nordeste, todos os outros oito estados da região apresentaram desempenho negativo no mês: Pernambuco (-8.314), Ceará (-4.563), Rio Grande do Norte (-2.851), Paraíba (-1.912), Alagoas (-1.272), Sergipe (-1.152), Maranhão (-987) e Piauí (-824).
O ministro do Trabalho em exercício, Helton Yomura, lembra que dezembro é historicamente um mês negativo para o emprego: “Basta observar que mesmo nos anos em que o Brasil vivia o pleno emprego, dezembro tinha fechamento de vagas”.
O setor que mais contribuiu para esse resultado de dezembro, segundo o Caged, foi o da Agropecuária, que fechou 3.485 postos de trabalho. Já o Comércio teve desempenho positivo, com a geração de 509 vagas formais.
No caso dos dados referentes aos saldos de empregos distribuídos no estado em dezembro de 2017, constatou-se perda líquida de emprego tanto na Região Metropolitana de Salvador (RMS) quanto no interior.
De forma mais precisa, enquanto na RMS foram eliminados 4.296 postos de trabalho no mês, no interior foram fechadas 8.161 posições celetistas.
Isso ocorreu, segundo analistas do mercado de trabalho, devido à macroeconomia brasileira ainda estar em fase de recuperação, com alguns setores, como a construção civil e o de serviços, como bares, hotéis, transportes, etc., ainda muito afetados.
RMS fechou o ano com 467 mil desempregados, aponta Dieese
Pesquisa de Emprego e Desemprego divulgada ontem mostra que em 2017 o contingente de desempregados na Região Metropolitana de Salvador (RMS) foi estimado em 467 mil pessoas, aumento de 11 mil pessoas em relação a 2016.
Realizada pela SEI, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a pesquisa avalia que “esse cenário foi resultado do acréscimo da População Economicamente Ativa, de 45 mil pessoas, em relação aos 34 mil trabalhos gerados”.
“É reflexo também da macroeconomia, da crise nacional que ainda persiste, apesar dos sinais de melhora, e que afeta o setor de serviços, comércio e a construção de forma geral – civil e pesada, de obras públicas e privadas”, disse a coordenadora da pesquisa do Dieese, Ana Margareth Simões.
O desempenho do nível ocupacional, diz a pesquisa, refletiu os acréscimos no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (com 10 mil empregos), no setor de serviços (27 mil), arrefecidos pela retração na construção (3 mil) e na indústria de transformação (-1 mil).
Na análise por posição na ocupação, observou-se que o contingente de assalariados diminuiu (-18 mil postos de trabalho), resultado do declínio do emprego no setor privado (-23 mil), já que o setor público cresceu (3 mil).
No segmento privado, reduziu-se o assalariamento com carteira de trabalho assinada (-19 mil) e sem carteira (-2 mil). Houve ainda aumento no contingente de trabalhadores autônomos (44 mil) e outras posições (9 mil). No sentido contrário, observou-se decréscimo no número de empregados domésticos, com menos 3 mil postos de trabalho.
A pesquisa mostra ainda que a taxa de desemprego total da RMS ficou estável em 23,8% da população economicamente ativa, entre novembro e dezembro de 2017. O contingente de desempregados foi estimado em 470 mil pessoas (mais 6 mil, em relação ao mês anterior).
Este resultado decorreu da elevação da população economicamente ativa (27 mil pessoas) em número pouco superior ao acréscimo do nível de ocupação (21 mil postos de trabalho). No mês de dezembro, o contingente de ocupados elevou-se em 1,4%, sendo estimado em 1.505 mil pessoas.
Houve acréscimo no comércio e reparação de veículos (24 mil postos de trabalho) e relativa estabilidade na indústria de transformação (1 mil) e no setor de serviços (3 mil), enquanto declinou o contingente na construção (-7 mil).
Brasil tem mais gente trabalhando por ‘conta própria’
O número de brasileiros que trabalham por conta própria ou em vagas sem carteira assinada ultrapassou aquele de quem tem emprego formal no país, no quarto trimestre de 2017, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice de desemprego no país encerrou o ano passado em 11,8%, com 12,311 milhões de pessoas em busca de uma colocação no mercado.
O avanço do trabalho sem carteira e por conta própria mostra um crescimento na informalidade da economia do país. O trabalho designado como ‘por conta própria’ inclui profissionais autônomos como advogados e dentistas e também trabalhadores informais como os vendedores ambulantes.
O mercado de trabalho no país perdeu 685 mil vagas com carteira assinada no período de um ano. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 2% no quarto trimestre de 2017 ante o mesmo período do ano anterior.
Já o emprego sem carteira no setor privado teve aumento de 5,7%, com 598 mil empregados a mais. O total de empregadores cresceu 6,4% ante o quarto trimestre de 2016, com 263 mil pessoas a mais
Já o trabalho por conta própria cresceu 4,8% no período, com 1,070 milhão de pessoas a mais nessa situação. A condição de trabalhador familiar auxiliar aumentou 5,5%, com 116 mil ocupados a mais. O setor público gerou 222 mil vagas, um aumento de 2% na ocupação. Houve, ainda, aumento de 262 mil indivíduos na condição do trabalhador doméstico, 4,3% de ocupados a mais nessa função.
Por outro lado, o total de ocupados cresceu 2% no período de um ano, o equivalente à criação de 1,846 milhão de postos de trabalho. Há menos 31 mil desempregados em relação a um ano antes, o equivalente a um recuo de 0,3%.
Como consequência, a taxa de desemprego passou de 12% no quarto trimestre de 2016 para 11,8% no quarto trimestre de 2017, informou o IBGE.
No último trimestre do ano passado, o Brasil tinha 91 mil cidadãos a mais na inatividade, em relação ao patamar de um ano antes. O aumento na população que está fora da força de trabalho foi de 0,1% ante o mesmo período de 2016.
O nível da ocupação, que mede o porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 54,5% no quarto trimestre de 2017.
Correio
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