Texto: Verusa Pinho com fotos de André Lima e Morgana Sousa
A partir de prática desenvolvida com estudantes dos cursos técnicos integrados do Campus Jacobina do Instituto Federal da Bahia (IFBA) durante as aulas de artes, o professor André Lima deu forma a um artigo que relata a importância dos processos fotográficos alternativos como ferramenta de ensino-aprendizagem. Um dos desdobramentos da iniciativa foi a aprovação do conteúdo no Congresso Latino-Americano “Cartografias da Educação Artística e a Multiculturalidade Visual”, que acontece de 25 a 27 de julho, em Santiago do Chile, momento em que o docente compartilhará sua vivência com pesquisadores de diversos países.
Aspectos da história, técnica e estética da fotografia foram abordados durante as aulas, sob o desafio da renovação frente às demandas da contemporaneidade. “Experimentamos como técnica a cianotipia em laboratório, azul predominante que encontra na alquimia do ferrocianeto de potássio e citrato férrico amoniacal um contato raro com a luz. No laboratório, em meio a imagens impressas em transparências, papéis e ácidos, foi necessário, num primeiro momento, evitar a luz, nossa gravadora. A expectativa em torno do que poderia surgir nos papéis emulsionados depois de expostos ao Sol foi um momento especial: estávamos traduzindo a luz em fórmulas químicas e transfigurando-as em imagens. Do tom cinza pálido no papel tocado pelo fogo solar surgiram profundas regiões de cor azul, um milagre para os olhos acostumados com efeitos especiais emulados em pixels”, descreve André.
Dentre os resultados obtidos com o trabalho, a curiosidade dos jovens foi destaque, o que contribuiu diretamente para incrementar o interesse nas aulas. “A aplicação do método fotográfico em questão requer organização, disciplina, participação em grupo, higiene, apreciação estética e muita curiosidade. Abordar a fotografia alternativa no ensino médio integrado possibilita ao estudante mais uma ferramenta tecnológica, tornando-o mais apto para o mundo do trabalho e com um olhar mais sensível e ampliado sobre sua realidade enquanto cidadão e ser humano”, complementa o docente.
Para Morgana Sousa, aluna do curso técnico de eletromecânica, a experiência foi inovadora. “Eu conhecia a técnica de fazer fotografia, no escuro, mas a proposta do professor foi algo diferente, além de uma revelação comum. Escolhemos uma imagem da qual gostamos e acompanhamos todo o processo químico ao lado do docente. Vê-la mudar para o tom azul foi bem artístico! Parece uma daquelas fotografias antigas, que marcam época. Muitos colegas ficaram impressionados, alguns trouxeram até fotos históricas da cidade. Agora as imagens estão guardadas para serem expostas ao público em breve”, explica a jovem.
Saiba mais
Organizado pela Sociedade Internacional para Educação através das Artes (Insea), o Congresso Latino-Americano “Cartografias da Educação Artística e a Multiculturalidade Visual” tem por finalidade aprofundar a discussão sobre pesquisas e experiências de educação artística no contexto latino-americano, considerando suas tradições, raízes e identidades locais, em busca de uma cartografia da educação artística atual através do encontro e diálogo com representantes de diferentes regiões do mundo.
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