Sem slots, quase sem aeronaves e sem concessão para voar desde maio, a companhia que chegou ao Brasil em 2002 não deve mais voar.

A Avianca Brasil, oficialmente OceanAir Linhas Aéreas, vendeu grande parte de seus maiores ativos em leilão, mas a novela em torno de sua derrocada ainda está longe de acabar. Com a venda de slots, ou direitos de pouso e decolagem em grandes aeroportos, a companhia aérea brasileira, em recuperação judicial, pode sinalizar seu fim. 

Sem slots, quase sem aeronaves e sem concessão para voar desde maio, a companhia que chegou ao Brasil em 2002 não deve mais voar. “Não consigo enxergar a Avianca a voltar a operar, sem slots e com poucos aviões”, afirmou Fabio Falkenburger, advogado especialista em aviação da Machado Meyer Advogados. 

A companhia aérea arrecadou 147 milhões de dólares em leilão de venda de slots, que ficou centralizada entre Gol e Latam, maiores companhias  aéreas nacionais. As rivais adquiriram quase todas as Unidades Produtivas Isoladas (UPI). 

Os slots garantem às aéreas o direito de se movimentar em aeroportos saturados, como Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Por serem limitados, são também valiosos e, por isso, atraíram a atenção das companhias aéreas concorrentes. Como resultado, o mercado nesses grandes aeroportos pode ter ficado mais concentrado.  O programa de fidelidade da companhia, Amigo, não gerou interesse, assim como a última UPI. 

O valor levantado com o leilão é pequeno perto das dívidas de 2,8 bilhões de reais que a companhia tem, o que gera dúvidas sobre como a aérea irá cobrir o restante das dívidas. Além disso, o leilão pode ser cancelado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o que significa que a Avianca deixaria de receber esse valor. 

Exame - Abril