Pessimismo visto no exterior não fisgou investidor brasileiro, otimista em relação às chances de reforma da Previdência ser aprovada na Câmara em questão de poucos dias
À exemplo dos últimos pregões, em que operou sem estar nem aí para o pessimismo dos mercados internacionais, o principal índice da bolsa brasileira fechou esta segunda-feira (8) no azul, renovando máximas históricas.
O Ibovespa avançava 0,42% no fim do dia, aos 104.530 pontos – na máxima do dia, bateu nos 104.679 pontos, seu recorde em termos nominais. Entre as 66 empresas do índice, 43 fecharam o dia no azul; 22 no vermelho; e uma estável.
O dólar comercial ficou 0,27% mais barato, vendido por R$ 3,8071 no fim do dia – conforme apurou com analistas de mercado o repórter Lucas Hirata, do Valor PRO, a moeda americana não deve fugir muito desse patamar até a reforma da Previdência estar liquidada no Congresso.
A sensação do investidor no Brasil é de que faltam poucos dias para os ajustes nas aposentadorias estarem aprovados na Câmara. E esse otimismo, além de puxar preços para cima, se justifica.
Onyx Lorenzoni, ministro da Casa-Civil, garantiu a jornalistas que o projeto estará aprovado em primeiro turno até esta quarta-feira (10); e que a votação do segundo turno já será na semana seguinte – na volta do recesso parlamentar, portanto, faltaria apenas o aval do Senado.
A líder do governo no congresso, Joice Hasselmann, foi além. Prometeu ela que os ajustes nas aposentadorias terminarão já esta semana aprovados em dois turnos na Câmara, com cerca de 340 favoráveis – são necessários 308.
No exterior, as principais bolsas da Europa e as dos Estados Unidos fecharam o dia no vermelho. No radar dos investidores no exterior continua a baixa perspectiva de corte nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Na Europa, pesou ainda o fraco desempenho da economia alemã. A produção industrial na Alemanha subiu 0,3% em maio na comparação com abril - desempenho aquém do esperado.
O que puxou o Ibovespa para cima?
Duas grandonas, Vale e Petrobras, foram as grandes responsáveis por manter o Ibovespa no azul nesta segunda-feira.
Os papeis da Vale, com peso superior a 9% no índice, avançaram 1,17%. O movimento acompanha a alta de 3,1% nos preços do minério vendido no porto de Qingdao, na China.
Também esteve no radar do investidor ao longo do pregão um cálculo divulgado nesta segunda pela agência de classificação de riscos S&P, de que os preços do minério de ferro continuarão aquecidos até 2021. Motivo: o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) em 25 de janeiro.
Já os papeis ordinários (ON, dão direto a voto em assembleias) da Petrobras subiram 1,93%; e os preferenciais (PF, dão preferência no recebimento de dividendos) avançaram 0,91% - somadas, essas ações representam mais de 11% do Ibovespa.
A principal notícia do dia para a empresa veio no fim do pregão. A Petrobras assinou nesta segunda um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para abrir o setor de gás natural no Brasil, com a empresa largando mão da participação de companhias ligadas ao transporte e a distribuição de gás natural - veja aqui mais detalhes.
As 'mais mais' do índice
Depois de uma semana em que foi responsável pela maior valorização acumulada entre as empresas do Ibovespa, de mais de 25%, a Via Varejo segue atraindo a maior parte dos holofotes dos investidores. Nesta segunda-feira, em alta de 6,30%, os papeis lideram os ganhos do principal índice da B3.
De acordo com o analista Pedro Galdi, da Mirae Asset, não há nada de novo no radar para justificar o movimento desta segunda-feira; e as ações do grupo varejista ainda avançam motivadas pelo noticiário dos últimos dias.
A semana que que passou foi marcada pela repercussão positiva da troca de cadeiras no comando da empresa. A família Kein voltou a ser a maior acionista, e ex-executivos de Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Walmart foram contratados para o time da varejista.
Roberto Fulcherberguer, novo presidente da companhia, prometeu que a empresa retomará para si o espaço perdido no mercado para a Magazine Luiza.
Chamou atenção ainda a alta de empresas ligadas à educação: Kroton, com alta de 5,81%; e Estácio, com 4,76%, estiveram entre as maiores altas do dia no Ibovespa.
Nesta manhã, a Ágora Investimentos, do grupo Bradesco, recomendou a suas clientes os papeis da Estácio. Em relatório, os analistas Luiz Mauricio Garcia e Maria Clara Negrão informam que a casa está revendo os preços-alvos estimados para ações 2019, depois de um primeiro semestre em que houve “expressivo avanço de preços”.
O setor de educação, na visão dos economistas da Ágora, têm o maior potencial médio de valorização (upside) na bolsa brasileira até o fim do ano, de 18%. Na sequência, vêm shoppings, com 9%; e construção civil, com 5%.
Na ponta de baixo do índice, os papeis da IRB Brasil passaram a maior parte do pregão na lanterninha.
A repórter do Valor PRO Flávia Furlan apurou que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) publicou nesta segunda uma circular no Diário Oficial da União em que permite que seguradoras e resseguradoras com capital aberto tenham controle pulverizado, tornando-se “corporations”.
Veja, abaixo, o top 10 maiores e menores do índice nesta segunda:
Top 10 - Melhores do Ibovespa (8/7/19)
Top 10 - Piores do Ibovespa (8/7/19)
Fonte: www.valorinveste.globo.com
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