Descontrole e crimes ambientais não são novidade na região amazônica. No entanto, queimadas recordes e seus efeitos acionaram o botão vermelho, não só entre ambientalistas, mas em todos os que lutam pela preservação da natureza.

Há dias ardendo em chamas, a floresta amazônica registrou o maior número de queimadas em sete anos. Apenas entre janeiro e agosto são 72.843 pontos mapeados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Número 83% maior do que no mesmo período de 2018. 

Imagens de satélite da NASA dão a dimensão da magnitude do problema. Parte do mapa brasileiro está coberto por uma densa névoa acinzentada. Fumaça que vem de Rondônia; do Acre, que declarou estado de alerta ambiental e de Amazonas, que decretou situação de emergência na região sul e na zona metropolitana de Manaus por causa do fogo. 

Olha pro céu 

Além dos dados científicos, a situação ganhou destaque pelos efeitos sentidos na maior cidade do Brasil. São Paulo viu o dia virar a noite às 15h da tarde de uma segunda-feira fria de inverno. 

O fenômeno, segundo meteorologistas, é resultado do encontro de uma névoa de fuligem das queimadas com uma frente fria. O efeito não escureceu apenas o céu. Inúmeros registros de água suja, com partículas de fuligem, foram compartilhados nas redes sociais. 

Vaiado em conferência climática da ONU em Salvador, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atribuiu o aumento das queimadas à seca. 

Com décadas de atuação na floresta tropical, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) discorda. O órgão afirma que a estiagem este ano está abaixo da média e o desmatamento deve ser considerado protagonista.

Efeito eleitoral 

Desde que assumiu o comando do poder executivo, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) se posicionou ao lado do agronegócio – que sonha com a plantação de soja e gado na Amazônia. A gestão do ex-deputado federal afrouxou a fiscalização de crimes ambientais, abriu a porteira para a liberação de agrotóxicos e estuda permitir o minério em terras indígenas. 

O posicionamento implicou no crescimento do desmatamento. Projeções do INPE mostram que a gestão Bolsonaro pode aumentar em 268% a destruição da floresta amazônica. 

Sobre as queimadas recordes Bolsonaro, como de costume, atirou para todos os lados. O presidente acusou ONGs, que pretendem, segundo ele, macular sua imagem pelo corte do repasse de verbas. O político do PSL, no entanto, não apresentou uma prova sequer. 

“O crime existe e nós temos que fazer o possível para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs, repasses de fora, 40% ia para ONGs, não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta de dinheiro. Pode estar havendo, não estou afirmando, a ação criminosa desses ‘ongueiros’ para chamar a atenção contra minha pessoa contra o governo do Brasil”, declarou aos jornalistas. 

Por Redação Hypeness