Pelo mundo, autoridades, redes sociais e imprensa repercutem a situação da floresta. Jornal ‘The Washington Post' alertou que os incêndios podem acelerar o aquecimento global.


Fora do Brasil, as queimadas na Amazônia estiveram o dia todo no centro das atenções de autoridades, das redes sociais e da imprensa.

"Amazônia queimando" foi a manchete escolhida pela rede de TV americana ABC. Os principais canais dos Estados Unidos exibiram imagens dos incêndios florestais. O jornal "The Washington Post" alertou que os incêndios na Amazônia podem acelerar o aquecimento global e causar danos permanentes ao berço da biodiversidade.

O francês "Le Monde" estampou na manchete do site: "Incêndios na Amazônia: a polêmica aumenta no Brasil". O jornal também destacou que o fogo é um flagelo sazonal, que foi agravado pelas políticas do presidente Jair Bolsonaro.

A rede britânica BBC e o jornal "The Telegraph" destacaram a fala do presidente brasileiro, que afirmou que o Brasil não tem dinheiro para combater os incêndios.

Nas redes sociais, os protestos se multiplicaram, com a adesão de personalidades do mundo todo. O ator americano Leonardo di Caprio escreveu: "Os pulmões da Terra estão em chamas. A maior floresta tropical do mundo é um pedaço crucial da solução climática global”.

O jogador português Cristiano Ronaldo publicou: “A Floresta Amazônica produz mais de 20% do oxigênio do mundo. É nossa responsabilidade ajudar a salvar o nosso planeta”.

A modelo brasileira Gisele Bündchen alertou: “Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo na Amazônia. O desmatamento tem que parar”.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que os incêndios na Amazônia são uma crise internacional e chamou os integrantes do G7, que reúne alguns dos países mais industrializados do mundo, para discutir a situação que ele definiu como “emergencial”. O encontro do G7 está marcado para este fim de semana, na França.

Horas antes da manifestação do presidente francês, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a Europa mente sobre o desmatamento no Brasil.

“As mentiras ditas na Europa podem ser feitas”, afirmou.

Perguntado quais mentiras, Onyx respondeu:

“Bom, de que o Brasil é um país que desmata, de que o Brasil é um país que não cuida do seu meio ambiente. Desmata, sim, mas não no nível e no índice que é dito. Nós não precisamos ter lição de ninguém. Até porque nós não podemos ser ingênuos. Os europeus usam a questão do meio ambiente por duas razões. A primeira, para confrontar os princípios capitalistas, e a outra coisa é para estabelecer barreiras ao crescimento e ao comércio com o Brasil de bens e serviços”.

Nos Estados Unidos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta quinta (22) que está profundamente preocupado com as queimadas na Amazônia. Ele afirmou que, no meio da crise climática global, não se pode arcar com mais danos para a maior fonte de oxigênio e biodiversidade do planeta.

A Organização Meteorológica Mundial, que é ligada à ONU, também alertou para o impacto dos incêndios florestais nas mudanças climáticas, e defendeu a utilização dos sistemas de monitoramento por satélites para orientar ações contra as queimadas, como os satélites da agência espacial americana, que produzem imagens de toda a superfície da Terra.

Na Nasa, quem monitora a maior floresta do mundo é o cientista Douglas Morton, chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas.

Há 18 anos, Morton vem ao Brasil para estudar a fronteira entre a floresta e a agricultura na Amazônia, como isso tem mudado e quais as consequências. Ele afirmou que as imagens de satélite facilitam o gerenciamento sustentável dessa região tão importante para o mundo.

No computador, o cientista mostrou que a área de queimadas na Amazônia em agosto de 2019 é muito maior do que em 2018.

“Hoje em dia, existe uma nova pressão pela expansão agrícola nas regiões da Amazônia, que não tinha nos anos anteriores. A concentração de queimadas no estado de Amazonas, por exemplo, é maior do que nós vimos nos últimos 20 anos”, disse.

O pesquisador lembrou ainda que as queimadas prejudicam a qualidade do ar em todo o país.

“A qualidade do ar no Acre, nesses dias, tem o grande efeito das queimadas no resto da Amazônia. Mas a mesma fumaça que passa pelo estado do Acre e passa para o Sul do país”, afirmou.

Em rede social, na noite desta quinta, o presidente Jair Bolsonaro disse que lamenta que o presidente francês, Emmanuel Macron, instrumentalize uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais. Segundo Bolsonaro, o tom sensacionalista com que Macron se refere à Amazônia não contribui para a solução do problema.

Bolsonaro declarou que o governo brasileiro segue aberto ao diálogo com base em dados objetivos e no respeito mútuo, e que a sugestão de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região amazônica evoca “mentalidade colonialista descabida no século XXI”.

Na repercussão internacional das queimadas na Floresta Amazônica, o secretário-geral da ONU e outras personalidades afirmaram que a Amazônia é o "pulmão do mundo". Mas, apesar de ser fundamental para o equilíbrio do clima do planeta, a manutenção do regime de chuvas, a biodiversidade, a Floresta Amazônica não pode ser considerada o pulmão do mundo, porque ela consome a maior parte do oxigênio que produz, segundo estudos científicos. O oxigênio da atmosfera é produzido principalmente pela flora marítima. É o que poderá ser visto na sexta (23), no Jornal Nacional.

Por Jornal Nacional