Neste ano, estação não sofrerá influência de fenômenos vindos do Oceano Pacífico, que se encontra em estado de neutralidade

A primavera começa nesta segunda, marcando a transição para o verão após um inverno que começou excepcionalmente quente em junho e teve fortes ondas de frio nos meses de julho e agosto. De acordo com os meteorologistas da MetSul Meteorologia, a primavera deste ano transcorrerá com o Oceano Pacífico em estado de neutralidade, sem El Niño ou La Niña, mas que começará com o Pacífico Centro-Leste mais frio do que a média, o que deve trazer efeitos no clima regional.

A primavera deve ter chuva irregular neste ano. Espera-se uma grande variabilidade de região para região na distribuição da chuva com algumas áreas apresentando precipitação acima da média nos próximos três meses e outras registrando volumes abaixo da média histórica. Episódios de chuva volumosa e intensa regionalizados são esperados com acumulados de precipitação muito altos em curto período. À medida que o verão ser aproximar, entre novembro e dezembro, podem ocorrer alguns períodos com maior irregularidade na precipitação em que algumas cidades podem se ressentir de falta de chuva mais volumosa.

A MetSul destaca que a primavera é período com maior frequência de tempestades, não raro severas com intensos vendavais e granizo. Há precedentes de tornados na estação. Neste ano, com o Pacífico Leste mais frio do que o normal, a MetSul avalia que a frequência de tempestades pode não ser tão alta como se estivéssemos sob El Niño, mas quando estas ocorrerem podem ser muito intensas pelo maior contraste térmico entre massas de ar frio e quente. O risco de granizo é especialmente mais elevado quando o Oceano Pacífico Leste está mais frio, logo temporais com granizo podem ser mais freqüentes e intensos nestas estação, o que já se viu na última semana do inverno.

Como estação de transição para o verão, na primavera aumenta a frequência de dias de calor e diminui os de frio. O começo da estação ainda tem características mais amenas e o final já tem padrão de verão. Os dias de calor aumentam, especialmente entre novembro e dezembro, quando algumas jornadas podem ser muito quentes com possibilidade de ondas de calor.

A tendência é de uma primavera com temperatura ao redor ou um pouco acima da média, mas entre novembro e dezembro podem ocorrer alguns períodos de calor muito intenso, destaca a MetSul. Apesar disso, a empresa enfatiza que o Pacífico Centro-Leste mais frio tende a favorecer uma maior probabilidade de que se registrem incursões pontuais de ar frio, porém de curta duração, com um risco agravado de geada tardia, sobretudo em localidades do Sul gaúcho e de maior altitude da Metade Norte.

Um fenômeno muito raro no Polo Sul, documentado pela ciência no Hemisfério Sul somente no ano de 2002, pode igualmente colaborar para que se registrem eventos de chuva acima da média e de frio tardio na primavera. É o chamado Súbito Aquecimento Estratosférico, caracterizado por uma enorme elevação da temperatura na estratosfera no polo pelo ingresso de ar vindo da parte mais baixa da atmosfera, a troposfera.

Esse processo provoca o colapso do vórtice polar e altera as correntes de jato (vento) no hemisfério, favorecendo uma maior incursão de ar frio em eventos pontuais até as latitudes médias, como é o caso do Rio Grande do Sul. O típico contraste térmico entre ar frio na costa e ar quente no continente acentua o vento da tarde para a noite do quadrante Leste no decorrer da primavera, sobretudo em outubro e novembro, o que rendeu a expressão “Vento de Finados”.

Fonte: Correio do Povo