Até dois terços dos casos de coronavírus Sars-CoV-2 fora da China ainda não foram detectados, aponta um estudo coordenado pela epidemiologista Sangeeta Bhatia, uma das principais especialistas da equipe de combate à epidemia no Reino Unido.

A partir de dados do tráfego de pessoas entre o epicentro da epidemia chinesa (a cidade de Wuhan) e os principais destinos internacionais, Bhatia e colegas usaram métodos estatísticos para calcular a probabilidade de transmissão da doença.

Ela é pesquisadora do Centro de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres, um dos três mais respeitados programas de epidemiologia da Europa.

À reportagem Bathia disse que a ciência não sabe como as estações afetam o coronavírus e que lavar as mãos com água e sabão ainda é a melhor forma de evitar a propagação do vírus.

"É muito pouco o que sabemos sobre o contágio em crianças, mas, com base nos dados de adultos, se a dinâmica de infecção continuar constante, estamos detectando apenas 1 em cada 3 possíveis casos de portadores do vírus no mundo", diz.

A prioridade dos cientistas agora é mapear como o vírus é transmitido por pacientes que não apresentam sintomas. Para entender a doença e determinar corretamente seus riscos, porém, é preciso preencher várias lacunas: a origem do vírus, o mecanismo exato de transmissão e o escopo de sintomas dos infectados.

Também não há ainda informação suficiente sobre como o clima afeta o coronavírus, o que torna "impossível dar qualquer resposta segura sobre se o verão reduziria os riscos de uma epidemia no Brasil".

Enquanto se aguardam respostas da ciência, os brasileiros devem adotar os mesmos cuidados prescritos no hemisfério Norte, diz Bhatia.

FECHAMENTO DE FRONTEIRAS
É preciso dosar as respostas à gravidade da epidemia. "Impedir viagens ou fechar fronteiras, no momento, seriam respostas desproporcionais ao que ocorre hoje na Itália, por exemplo."

Medidas como fechar escolas, cinemas, estádios de futebol ou mesmo isolar cidades podem ser tomadas em casos severos.

por Folhapress