Presidente afirmou que há uma 'burocracia enorme' para viabilizar programa

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o pagamento do auxílio de R$ 600 para trabalhadores informais começará na próxima semana. A expectativa é que o vale beneficie 54 milhões de pessoas.

— Está a todo vapor. Semana que vem começa a pagar (o auxílio) — disse, na saída do Palácio da Alvorada.

A demora do ministro da Economia, Paulo Guedes, para liberar o auxílio emergencial incomodou  Bolsonaro. Antes acostumado a lidar em tom brincalhão com o “PG”, Bolsonaro engrossou a voz na quarta-feira, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, para pressionar o ministro a destravar a ajuda aos mais afetados com o isolamento pela pandemia do coronavírus.

O projeto foi sancionado na quarta-feira por Bolsonaro, mas ainda não foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) porque ainda precisa ser publicada uma medida provisória (MP) liberando um crédito extraordinário de R$ 98 bilhões para o pagamento do programa.

— Assinei ontem, estava aguardando outra medida provisória, porque não adianta dar um cheque sem fundo. Tem que ter o crédito.

Bolsonaro disse que essa MP "deve" ser editada nesta quinta e reclamou da burocracia, dizendo que não pode cometer crime de responsabilidade:

— Deve ser, pô. Você não pode...É uma burocracia enorme. Uma canetada errada é uma crime de responsabilidade. Dá para vocês entenderem isso? Ou vocês querem que eu cave minha própria sepultura? Vocês querem que eu cave minha própria sepultura? Não vou dar esse prazer para vocês.

A Caixa Econômica Federal, que terá exclusividade no pagamento do auxílio de R$ 600, vai divulgar ainda nesta semana um cronograma de pagamento para todos os trabalhadores beneficiados.

Questionado se havia vetado a ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) por medo de cometer crime de responsabilidade, Bolsonaro afirmou que o Congresso não apresentou a fonte de pagamento:

— O que diz a lei é que tem que ter uma origem para pagar aquele recurso lá, para pagar aquele benefício. Qual a fonte? O Congresso não apresentou a fonte. Lê o artigo 62 da Constituição. O parlamentar que quiser dar uma benefício para alguém, tem que ver da onde vai tirar aquele recurso.

Enquanto Bolsonaro conversava com seus apoiadores, uma mulher, que se identificou como professora, pediu para as atividades econômicas serem restabelecidas. Ela disse não querer dinheiro do governo. Também criticou governadores e chegou a pedir para militares serem colocados nas ruas, apesar de não explicar porque. 

— Eu sou professora, eu não estou podendo dar aula. E eu sou professora particular, eu não posso dar aula. Vai faltar tudo na minha vida.  Como é que eu vou fazer? Eu vou depender de R$ 600 do governo? Eu não quero dinheiro do governo, eu quero voltar minha vida normal.

Bolsonaro respondeu que ela falava por "milhões" e estendeu o braço para cumprimentá-la. Ele tem evitado o contato físico com apoiadores.

— Pode ter certeza que a senhora fala por milhões de pessoas — declarou. 

Mais tarde, o presidente colocou a fala dela em sua conta no Facebook, classificando como "depoimento comovente", e pediu para ser compartilhada.

Fonte: O Globo