O senador Jaques Wagner (PT-BA) afirmou nesta segunda-feira, 1º, que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pode ser convocado pelo Senado para explicar a declaração de que o governo Bolsonaro deveria aproveitar o foco da imprensa e da população na pandemia do coronavírus para “passar a boiada” em regras ambientais. A fala de Salles foi feita durante a reunião ministerial de 22 de abril, cuja gravação foi divulgada por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, no âmbito das investigações sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Wagner e o presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, Fabrício Contarato (Rede-ES), ingressaram com notícia-crime na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo afastamento do ministro do cargo e investigação das declarações dele.

“Nós podemos [convocar], como já chamamos o ministro da Saúde [na época, Nelson Teich, que não está mais no cargo], e a gente faria à distância. Não retiro a possibilidade de fazer convocação para o ministro do Meio Ambiente, para que ele fale à distância”, afirmou o senador, que também é vice-presidente do colegiado, em entrevista ao Isso é Bahia, na rádio A TARDE FM.

A convocação ocorreria à distância porque as sessões presenciais estão suspensas no Senado devido à pandemia do novo coronavírus. Ainda segundo Wagner, as declarações do ministro foram “criminosas” e causaram perplexidade ao mundo.

“Cada declaração desastrada de um membro do governo na questão ambiental, coloca o País na posição de um lugar fora do padrão, onde as regras são quebradas. O ministro diz claramente que vão aproveitar do sofrimento das pessoas, das mortes, para passar uma boiada. Isso é um desrespeito com o povo”, criticou o parlamentar. De acordo com ele, o ministro também tem tentado dificultar o trabalho de órgãos de fiscalização e conservação ambiental como o Ibama e o ICMBio.

Golpe?

O senador voltou a dizer que não acredita em golpe militar no país, apesar da escalada na crise entre Executivo e Judiciário nos últimos dias, capitaneada por Jair Bolsonaro, e falas sobre uma possível ruptura institucional proferidas na semana passada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.

“Não acho que as Forças Armadas estejam dispostas a entrar numa aventura conduzida por um mau soldado. Pau que nasce torto, morre torto. Não adianta consertar. O presidente é isso, o que ele tem a oferecer é isso. As pessoas lá fora estão perplexas. Você compara o que era o Brasil de 15, 20 anos atrás, e a maluquice que hoje é. Hoje o Brasil é capa de revista de piada, de esculhambação”, afirmou.

A TARDE