Família da vítima foi ameaçada e diz que vai abandonar casa, mercadinho e casa de material de construção em Dias d'Ávila


Enquanto muitos filhos abraçam seus pais no dia dedicado a eles, neste domingo (9), Deivson, 10, Danielle, 19, e Eick, 26, estavam debruçados sobre o caixão do patriarca da família, o comerciante Domingos Martins de Jesus, 43 anos, vítima da violência na cidade de Dias d’Ávila, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Ele foi assassinado na tarde de sábado (8), com um tiro quando consertava o carro em sua oficina, a poucos metros de sua residência e do mercadinho e casa de material de construção Martins, de sua propriedade. O filho caçula testemunhou o crime. 

Domingos e a esposa chegaram há 13 anos em Dias d'Ávila e começaram vendendo pastéis e sonhos nas ruas. Com o passar do tempo, o casal prosperou e montou uma casa de materiais de construção e um mercadinho. A aquisição mais recente foi a instalação de uma piscina que seria inaugurada neste Dia dos Pais. "Eu não vou morrer antes de tomar banho nessa piscina", disse Domingos à mulher, Rosângela da Silva Rodrigues, 48. “Mas uma bala em sua cabeça pôs fim em tudo”, desabafou Rosângela. 

Por volta das 12h de sábado, ela estava  sozinha cuidando das duas lojas - que têm paredes geminadas - enquanto Domingos estava numa garagem que também funcionava como oficina, no bairro Santa Helena. No primeiro andar do prédio, foi construída a casa da família. “Meu marido mexia no carro e eu estava aqui, quando o rapaz chegou, perguntando pelo meu marido, que queria falar para levar três sacos de cimento para casa dele, mas expliquei que a gente estava levando a partir de cinco sacos. Então, ele disse que ia atrás de Domingos”, contou Rosângela.

Ela disse que, na hora, o filho caçula do casal, viu tudo. O menino gostava de passar o tempo com o pai e, na hora, a criança estava a poucos metros quando o rapaz se aproximou, sacou uma pistola e efetuou um único disparo na cabeça do comerciante. “A intensão dele era matar. Não houve discussão, não houve nada. Meu marido não teve chance de defesa”, disse Rosângela. 

Além de comerciante, Domingos era estudante de Direito e faltava pouco para se formar. "No lugar de comprar um terno digno de uma formatura, comprei um terno preto para enterrar ele", declarou a mulher ela. O corpo de Domingos foi enterrado às 13h30, no cemitério municipal de Dias d'Ávila.

Não bastasse a dor, os familiares também estão apavorados e vão abandonar tudo. "Ele (assassino) disse que vai voltar para matar todo mundo. Não poder ficar mais aqui. Vou ter que deixar tudo que foi construído com muito sacrifício", disse ela ao CORREIO, em prantos. O autor do disparo é um rapaz conhecido da comunidade.

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