Dados do Projeto Justiceiras, criado há dois anos para apoiar mulheres em situação de violência doméstica que ficaram isoladas com seus agressores quando a pandemia começou, apontam a existência de 471 vítimas deste tipo de crime na Bahia desde 31 de março de 2020. Do total, 296 relataram ocorrências enquadradas pelo projeto como de média ou alta gravidade. Por tipo, os casos de violência psicológica ocupam o topo do ranking, com 77,96% dos atendimentos realizados. Na sequência, vêm violência sexual (59.95%), ameaça (56,64%), violência física (46,21%) e violência patrimonial (34,38%). A imensa maioria, 74,53%, sofreu abusos dentro das próprias casas.

Nas cabeças

No balanço nacional, a Bahia respondeu pelo quarto maior número de encaminhamentos feitos pelo Justiceiras nos estados, atrás somente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ainda de acordo com o levantamento, as vítimas foram agredidas tanto por ex-companheiros quanto pelos atuais.

Radiografia da agressão

O perfil das baianas atendidas pelo Projeto Justiceiras mostra que a violência doméstica no estado possui também classe social e cor da pele. De cada dez vítimas assistidas pela iniciativa, presente em 27 países, oito informaram renda de até um salário mínimo e cinco disseram estar desempregadas. No mesmo compasso, 80% se consideram pretas, pardas ou indígenas. Outro fenômeno que chamou a atenção no estudo é o grande índice de mulheres que procuraram ajuda contra seus algozes pela primeira vez - mais da metade de todos os atendimentos realizados durante a pandemia.

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