O primeiro cartão-postal que todos os turistas que desembarcam em Salvador, o bambuzal da entrada do Aeroporto de Salvador está passando por uma ação reparadora. O manejo físico e ambiental tem como objetivo preservar a área, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como área de proteção cultural e paisagística de Salvador.

Estão previstas intervenções como roçagem com retirada de palhas e folhas, para evitar a proliferação de fungos e até mesmo a incidência de incêndios em dias frescos; retirada de hastes altas demais para evitar possíveis tombamentos, e de vegetais velhos e cepos; além de limpeza da vala de contenção que passa no meio do bambuzal, e marcação dos brotos para que o desenvolvimento possa ser acompanhado ao longo dos anos.

O projeto prevê ainda a manutenção das raízes e a adubação feita com nitrogênio, fósforo e potássio, além de esterco curtido para melhorar a qualidade do substrato onde estão fincados os bambus. Essa adubação será realizada anualmente pelo município. Todas estas intervenções deverão durar seis meses e estão avaliadas em torno de R$ 900 mil. A ação é realizada pela prefeitura, através da Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman).

As mais de 50 mil hastes de bambu fazem parte de 61 mil m² de área e estão espalhadas pelos 1,5 km de extensão, localizados no corredor que leva até o aeroporto, na Avenida Tenente Frederico Gustavo dos Santos. No local, há várias espécies de bambu.

Segundo a Seman, estudos foram realizados para que as ações preventivas para manter os vegetais em boas condições pudessem ser executadas a melhor forma, sem danificar o patrimônio e sem gerar grandes transtornos a quem circula pelo local. A equipe que atua na poda do bambuzal é composta por engenheiros agrônomos e ambientais, além de biólogos.

O titular da Seman, Luciano Sandes, falou da importância de preservar o bambuzal. "A ideia é preservar as características físicas e ambientais e manter esse aspecto cênico da entrada do aeroporto que é um patrimônio cultural de Salvador", reforçou o secretário.

Poda

Alguns bambus terão que ser retirados do local, devido ao envelhecimento clínico e fisiológico. Com o passar do tempo, alguns deles começam a cair, quebrar e ter suas folhas mortas. Segundo especialistas da Seman, antes de seres retirados, os bambus terão uma avaliação do estado de solidez e estabilidade das espécies, como a inclinação das hastes, extensão dos caules, presença de necroses e ainda acometimento de pragas, a exemplo de cupim e fungos.

Além disso, serão removidas as hastes que apresentam sobrepeso em razão da altura demasiada, causando instabilidade estrutural e eventual risco de tombamento. A altura também é propícia a deixar o solo úmido, contribuindo na proliferação de fungos. Já o excesso de folhas pode desencadear incêndios caso entre em contato com algum estopim, como bagas de cigarro.

O corredor de bambus em Salvador começou a ser plantado na década de 1920. Historiadores acreditam ainda que na década de 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial, a área serviu como base para esconder aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) de ataques inimigos.

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