A Câmara Municipal de Barreiras estabeleceu mais uma sintonia com os assuntos urgentes e de relevância para a sociedade local, regional e nacional. Dessa vez, a realização da Tribuna Popular, na última quarta-feira (30), trouxe para o centro do debate os fundamentos e as vivências relativos às “ações preventivas de combate ao suicídio”, tendo por referência a proposição do vereador Sileno de Cerqueira Bispo dos Santos (PSD).

Para ocupar a Tribuna Popular, Dr. Sileno convidou a psicóloga e pedagoga Shalana dos Santos Oliveira e o médico psiquiatra Thiago Borges, ambos com atuações na rede de saúde da cidade e região, experiências acumuladas em atendimentos clínicos e atividades na docência universitária.

Essa Tribuna Popular teve a condução do presidente em exercício, Hipólito dos Passos de Deus (MDB), que destacou a complexidade do tema e lembrou a emergência de muitos questionamentos e dúvidas, nos últimos dias, sobre as causas da imediata intensificação de casos ocorridos na cidade. “É por isso que qualquer abordagem sobre suicídio requer o diálogo franco, aberto e realmente amplo, com a mediação de especialistas no sentido de conscientizar e promover a mobilização de todos em relação aos cuidados com a saúde mental, sempre em favor da vida”, comentou o presidente em exercício na abertura da sessão de quarta-feira, e antes da fala dos convidados.

Para o médico psiquiatra Thiago Borges, primeiro expositor da noite, o fenômeno do suicídio é multifatorial, exigindo conhecimento e construção de saberes coletivos, o que tende a fortalecer a luta permanente para desfazer rótulos (estigmas) na sociedade, assim como desconstruir crenças errôneas.


O médico Thiago Borges apresentou um quadro geral sobre o encadeamento denominado de “ideação suicida”, seus principais fatores e as ações preventivas, de maneira a enfatizar contextos que amplificam o coeficiente de proteção, a exemplo de vínculos entre amigos, envolvimento dos familiares, abertura à religiosidade e capacidade individual de enfretamento das dificuldades.

Já a exposição da psicóloga Shalana Oliveira incidiu em um conjunto de apontamentos sobre as vivências da sua atuação clínica na saúde pública, bem como dicas preventivas acerca da própria saúde mental. Ela também estabeleceu congruência com os fundamentos apresentados pelo médico psiquiatra, selecionando frases reflexivas que chamaram a atenção dos vereadores e dos participantes para a importância de filtrar (separar) “o que é seu e aquilo que é do outro, pois o que deve prevalecer é a capacidade de entendimento do problema alheio, e não o sofrimento pessoal”, explicou.

Ao falar sobre resiliência, a psicóloga Shalana lembrou que somos mais fortes do que pensamos, sem esquecer de mencionar a necessidade de políticas públicas e ampliação da presença de profissionais na rede de saúde, escolas e serviços que ofereçam apoio psicossocial. Por fim, fez uma rápida dinâmica com estudantes de psicologia e medicina presentes no plenário da Câmara, incluindo vereadores e representantes de entidades, convidando-os a experimentarem o “autoabraço” – devido à vigência de medidas de proteção em virtude da Covid-19 – para simbolizar o cuidar de si e do outro.

Ascom / CMB