Em pouco mais de um mês, a guerra da Ucrânia deixou a Rússia como o país mais enredado em sanções no mundo e a Europa pagando a conta da dependência energética e prometendo gastar mais em defesa. Independentemente do futuro, o custo do conflito será duradouro e terá impacto no mundo todo.

Segundo o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, a economia russa vai encolher 10% este ano, principalmente em razão do impacto de 8 mil sanções - mais que Irã, Síria e Venezuela juntos.

Será a pior recessão na Rússia desde os anos 90. Para se defender das sanções, o Banco Central russo elevou os juros para 20% e implementou rígidos controles de capital sobre quem precisa trocar rublos por dólares ou euros. "É uma defesa monetária que o Kremlin pode não ser capaz de sustentar. Mas a recuperação do rublo é um sinal de que as sanções não estão funcionando como os aliados da Ucrânia esperavam", explica o professor da Fesp-SP, Bernardo Wahl, especializado em segurança e defesa pelo William J. Perry Center for Hemispheric Defense Studies, dos EUA.

Custos

Não se sabe quanto Moscou gasta com a guerra, mas analistas concordam que Vladimir Putin poupa suas forças para uma eventual escalada do conflito. O lado ucraniano estima o custo diário russo entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões. Alguns jornais falam em US$ 500 milhões por dia.

"É difícil saber o custo da guerra, os dados são imprecisos e cada parte do conflito superestima o custo de seu inimigo e subestima os próprios custos", explica Isaac Martinez Centeno, economista da London School of Economics.

Outro problema da Rússia será modernizar o aparato militar após a guerra, diante das sanções e do isolamento. "Equipamentos básicos, como munição, bombas, mísseis e tanques, a Rússia produz. Mas satélites, aviação, inteligência artificial, que envolvem um grau maior de computação, ela depende de outros países", disse o professor de economia e história da guerra na UFRGS, Érico Esteves Duarte.

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