Sinto ter que desanimar logo de início quem achava que eu ia falar sobre sexo aqui... Confesso que o título chega a ser sensacionalista, mas foi o artifício que arrisquei usar para atrair os leitores (vejo que consegui, pois você é um deles!)

Pra quem conseguiu passar do primeiro desestimulante parágrafo, aviso que falarei acerca da atual funcionalidade atribuída pelas famílias às escolas, gerando um choque na tradicional cultura de transmissão de valores familiares.

Vivemos numa sociedade onde os pais (em grande número e não totalidade) passaram a crer na obrigatoriedade da escola em dar educação a seus filhos de forma que dispense a educação preliminar que deveria ser dada ou ao menos iniciada em casa.

Entretanto é bem difícil, por exemplo, ensinar uma criança a respeitar as pessoas se esta passa a maior parte do seu dia num ambiente em que isso não acontece. Não falo apenas das práticas dos pais, mas das demais pessoas com quem convivem e isso tem fugido progressivamente do controle dos responsáveis, por conta da facilidade de acesso e propagação de muitos estímulos externos como TV, jogos de vídeo-game, tablets, celulares e, algumas das vezes, há pais que se sentem maravilhados por ter seus filhos ocupados, dispensando assim oportunidades de diálogo e ensinamentos.

O professor, ainda que seja uma referência, não pode ser a única e os exemplos não devem partir apenas deles. Mas há uma situação de descaso familiar tão alarmante que por conta própria, muitos profissionais em educação acabam reestruturando suas aulas de modo a contemplar valores que deveriam ser aprendidos em casa.

O termo "educação de berço" se encaixaria ironicamente, bem como nome da "disciplina", pois é bastante coerente para conceituar a lacuna apresentada em muitas crianças que frequentam as instituições de ensino. Indisciplina, desrespeito, violência, são algumas das possíveis consequências disso. E não pretendo aqui negar o importante papel social que cabe aos professores e à escola, afinal é um de seus compromissos formar cidadãos capazes de exercer seus direitos e deveres na sociedade, além de contribuir para que cada aluno aprenda lições não só para o seu exercício escolar, mas para a vida.

Contudo, saliento mais uma vez a necessidade de uma educação familiar de melhor qualidade, atenção e cuidado, pautada independente da união oficial ou não dos pais, condições sociais em que estão inseridos ou qualquer outro aspecto que possa ter relevância, mas que não pode ser determinante para justificar essa lacuna na formação de seus filhos.

Como mãe e como educadora, pensei num título para apimentar reflexões tão necessárias sobre o óbvio tantas vezes ignorado, mas que precisa ser lembrado. Certamente seria mais prazeroso falar de sexo, mas é muito mais necessário falar em Educação!!!

Sobre a colunista

Carla Cinara da Silva Luz, jacobinense, com graduação em Letras Vernáculas e especialização em Estudos Literários, é Neuropsicopedagoga, com formação em Atendimento Educacional Especializado e especialista em Educação Especial e Inclusiva, além de Psicóloga em formação .Atua como professora na rede municipal de Jacobina desde 2001. Você pode acompanhar a colunista pela sua rede social, clicando AQUI.

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