O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos não está satisfeito com a resposta do governo brasileiro ao desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. A organização tratou as ações de busca como "extremamente lentas" e lamentou o "desdenho" na fala de autoridades. As informações são da coluna de Jamil Chade, do UOL.

"Insistimos que o governo precisa empregar todos os meios disponíveis para ajudar a localizar os dois homens. Infelizmente, a resposta inicial foi lenta", disse a porta-voz da agência, Ravina Shamdasani. "Inicialmente a resposta foi lenta e entendo que foi a sociedade civil e grupos indígenas quem tomaram a liderança em tentar saber o que ocorreu", acrescentou.

Em entrevista na manhã desta sexta-feira, 10, em Genebra, na Suiça, a entidade pediu que autoridades brasileiras e do governo de Jair Bolsonaro "redobrem" seus esforços e que plenos recursos sejam disponibilizados para a operação. Além disso, também criticou as declarações que buscam minimizar o caso e lembrou que a proteção dessas pessoas é "responsabilidade do estado".

O presidente Jair Bolsonaro (PL), criticou os desaparecidos por entrarem em uma "aventura". Ainda apontou que existe a possibilidade deles terem sido executados na região. "Duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer", declarou.

Nesta semana, a Justiça Federal do Amazonas determinou que o governo federal intensifique as buscas pelos desaparecidos. Na sentença, a juíza responsável pontuou que caso o governo e a Funai cumprissem a obrigação de proteger e fiscalizar terras indígenas alvo de invasão por garimpeiros e madeireiros ilegais, provavelmente o jornalista e o indigenista já teriam sido encontrados, mesmo que sem vida.

Os dois homens não são vistos desde a manhã de domingo. Phillips e Bruno Pereira haviam viajado de barco até o lago Jaburu e deveriam retornar à cidade de Atalaia. O objetivo era entrevistar indígenas. A última vez que foram vistos foi em São Gabriel, perto de São Rafael.

A Tarde