Pesquisadores do Senai Cimatec, em Salvador, desenvolveram o algoritmo Cimatec_XCOV19, de Inteligência Artificial (IA), capaz de identificar em radiografias do tórax traços anormais que indicam presença da covid-19. A tecnologia, que é tipo um software, pode ser utilizada para dar um suporte a um diagnóstico mais rápido da doença, auxiliando no tratamento precoce e evitando pneumonias causadas pelo vírus.
A tecnologia já está sendo usada em hospitais do Brasil, como no MedSênior, localizado na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo. Um dos autores do estudo, Adhvan Furtado, explica que foram desenvolvidos dois códigos de inteligência artificial, um para identificação automatizada da covid-19 em exames de raio-x e outro para aplicação em exames de tomografia computadorizada.
“O sistema é um projeto de pesquisa feito para identificar a covid-19, mas pode ser adaptado para outras doenças pulmonares e também pode ajudar caso existam outras pandemias. A tecnologia foi pensada como um suporte ao médico. Numa situação de escassez de recursos, por exemplo, o algoritmo ajuda no diagnóstico e vai sinalizar para que o paciente seja priorizado e encaminhado para os setor responsável”, destaca.
Segundo Furtado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Conselho Brasileiro de Radiologia não indicam que a tecnologia seja utilizada na tomografia e no raio-x como principal fonte de diagnóstico para a covid-19, o mais recomendado é o RT-PCR, que já é utilizado em larga escala. “O algoritmo, no entanto, principalmente em regiões mais remotas, sem acesso a especialistas, pode fazer a primeira triagem e o primeiro suporte ao paciente, principalmente em um momento de pandemia, em que qualquer sistema que ajuda no diagnóstico, que possa ajudar o médico e que desperta o primeiro alerta de cuidado, é de extrema importância”, ressalta.
Segundo o autor do projeto, o Brasil possui cerca de 14 mil radiologistas, então um algoritmo que dá esse suporte chega a ser essencial. “O médico recebe a imagem do pulmão e faz uma análise para verificar alguma anormalidade, se possui alguma lesão sugestiva de covid, a partir daí o especialista decide o que fazer, mas o alerta já foi feito”, explica Erick Sperandio, pesquisador líder de Inteligência Artificial do Senai Cimatec.
O pesquisador detalha que a tecnologia se baseia em um sistema computacional que recebe as imagens do equipamento de raio-x e já trata e devolve o resultado da análise. “Já estamos utilizando o sistema em fase de testes no Espírito Santo e tem ainda o potencial para ser utilizado pela rede pública”, finaliza.
O médico Thiago Maia, do hospital MedSênior, em Vitória, afirma que a tecnologia tem sido importante para equipe médica, já que ela tem sinalizado qualquer alteração no exame de imagem do paciente. “O sistema não só avalia covid, mas qualquer alteração que o raio-x possa apresentar, um tumor, ou outra coisa similar”, relata o especialista.
Segundo Maia, o sistema funciona da seguinte forma: o paciente faz o raio-x e a imagem é submetida no sistema que diz se tem alguma anormalidade ou não, a partir disso, a tecnologia identifica se a lesão é característica da covid-19 ou de outra doença. “Ele tem um nível de precisão da mesma significância que a tomografia computadorizada. Então a gente consegue, com um exame bem mais barato e acessível, fazer uma triagem efetiva”, conclui o médico.
O estudo para a criação do algoritmo surgiu no programa de Pós-Graduação de Doutorado em Modelagem Computacional e Tecnologia Industrial para sanar as demandas de áreas que precisam da inteligência artificial, principalmente na saúde. O projeto foi desenvolvido com o apoio da Brasil Diagnósticos por Imagem e EMBRAPII, além dos parceiros da área médica, como o Hospital MedSênior. Utilizando o 4 GPUs V100 da NVIDIA como hardware de processamento dos dados, o algoritmo oferece um bom suporte diagnóstico capaz de agilizar o atendimento de casos graves.
O algoritmo Cimatec_XCOV19 foi desenvolvido no NVIDA AI Joint Lab, primeiro laboratório da empresa na América Latina, que fica no Senai Cimatec, focado em desenvolvimento de Inteligência Artificial. Mais de cinquenta mil imagens de raio-x e seis mil imagens de resultados de exames positivos e negativos para a covid-19 foram processados no Centro de Supercomputação do Cimatec para obtenção dos dados que dão suporte à ferramenta.
Senai Cimatec lança curso de graduação em Ciência de Dados e Inteligência Artificial
O Senai Cimatec está com inscrições abertas para o curso de graduação em Ciência de Dados e Inteligência Artificial, o primeiro da empresa no formato de ensino à distância (EaD). O professor Erick Sperandio faz parte do corpo docente.
“O curso é um bacharelado com duração de quatro anos. A ideia é formar bacharéis em ciência de dados e inteligência artificial, justamente para suprir a necessidade do mercado de profissionais dessa área, que paga um dos maiores salários do mercado”, afirma o professor.
O curso promete oferecer desenvolvimento de softwares para Front-end e Back-end com as principais tecnologias utilizadas atualmente; gerenciamento de desenvolvimento de sistemas utilizando metodologias ágeis e focadas em alta qualidade em software, desenvolvimento de sistemas inteligentes baseados em BigData e Machine Learning capazes de identificar e reconhecer padrões, entender contextos, aprender e realizar classificações automáticas e previsões. e fundamentos de segurança cibernética na gestão de redes e de dados, identificando e combatendo ameaças hackers.
“A ciência de dados e a inteligência artificial estão causando verdadeiras revoluções tecnológicas, produzindo um processo amplo de digitalização. O mundo precisa de profissionais capazes de compreender, utilizar e potencializar esse conhecimento”, pontua Adhvan Furtado, que também é presidente da Rede MCTI/EMBRAPII de Inovação em Inteligência Artificial e Gerente do Centro de Supercomputação do Senai Cimatec.
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