Em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, nesta terça-feira, 2, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou de “cara de pau” e “sem caráter” os signatários da carta pela democracia, documento feito pela Faculdade de Direito da USP em reação aos ataques do chefe do Executivo contra as urnas eletrônicas.

“Pessoal que assina esse manifesto (por democracia) é cara de pau, sem caráter... Não vou falar outro adjetivo aqui porque eu sou uma pessoa bastante educada", disse o presidente.

O manifesto teve mais de 660 mil adesões da sociedade civil, além de ter sido assinado por juristas, ministros eméritos do Supremo Tribunal Federal (STF), docentes universitários, membros dos tribunais de contas e do Ministério Público, empresários de vários setores, banqueiros, artistas e líderes políticos, incluindo candidatos à Presidência, entre outras personalidades de diversas categorias.

Bolsonaro também disse que todos os signatários da carta têm interesses suspeitos para tirá-lo do Planalto. “Geralmente, quem fala que é defensor da democracia é um ditador”, disse.

“Olha quem assinou: banqueiros. Banqueiros estão contra o Pix (...) Veja o padrão das outras pessoas: artistas, que foram desmamados da Lei Rouanet. Olha o perfil dos políticos”, afirmou. “Veja o que esse pessoal de esquerda que assinou o manifesto pela democracia fala de Cuba?”, acrescentou.

Os aliados do governo adotaram um discurso de que a carta se trata de iniciativa “contra” Bolsonaro.

No dia 26 de julho, o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) disse que banqueiros estariam participando do manifesto por terem perdido “R$ 40 bilhões” por ano como suposto resultado do sucesso do Pix.

“Então, presidente, se o senhor faz alguém perder 40 bilhões por ano para beneficiar os brasileiros, não surpreende que o prejudicado assine manifesto contra o senhor”, escreveu o ministro em uma rede social.

A Tarde