É difícil encontrar alguém que está na internet e que nunca tenha ouvido falar do coreano do Samba do Polly. Desde que a coluna Baianidades do CORREIO fez uma matéria sobre o assunto, o dançarino Kwon Min-Sung, 23 anos, conhecido também como Drop (@dropmeOff), viu a popularidade aumentar entre os baianos. Ele chegou a Salvador, no sábado (27), foi à praia e quer conhecer o Pelourinho, mas a agenda está cheia.

Quando desembarcou em São Paulo, para uma conexão, na sexta-feira (26), Drop estava usando boné e máscara, mas mesmo assim foi reconhecido e tietado pelos fãs. A cena se repetiu no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, onde ele chegou na madrugada de sábado. A vinda do artista foi organizada pela A5 Produções, empresa que administra a carreira do cantor de pagode baiano Polly ou Oh Polêmico (@ohpolemicooficial), dono do hit Samba do Polly, que projetou o sul-coreano no Brasil.

Kwon contou que estava nervoso e ansioso para chegar à Bahia e que ficou feliz com a receptividade. A equipe que acompanha o dançarino contou que ele pediu para visitar o máximo de pontos possíveis e que quer experimentar de tudo. No sábado, ele foi à Praia do Flamengo e provou pela primeira vez água de coco. A intenção era fazer um passeio tranquilo, em uma área deserta da praia, mas os fãs reconheceram o jovem e a experiência se transformou em uma sessão de fotos. Ele fez questão de atender a todos.

Drop não fala português e precisou da ajuda de um coreano que mora em Salvador para se comunicar, mas nem por isso ficou tímido. Neste domingo, ele participou de um show de pagode no estacionamento do Salvador Shopping. Antes do evento, conversou com o CORREIO, fez fotos com fãs e coreografias no estilo TikTok, plataforma onde ele tem 1,7 milhão de seguidores. A cada momento, era abordado pelos fãs.

“Não estou acreditando em tudo que está acontecendo. Parece um sonho. Eu adorei Salvador, é tudo muito lindo, as pessoas estão cuidando bem de mim e estou muito feliz. Quero conhecer a cidade, o Pelourinho e outros lugares. Gostei dos abraços que recebi e quero mais beijos”, contou.

Essa foi a primeira vez que Kwon deixou a Coreia do Sul. Ele é o caçula de dois filhos e contou que os pais incentivaram a viagem. Na família ninguém trabalha com internet, mas o jovem contou que todos passaram a pesquisar mais sobre a cultura brasileira. Dispensando o tradutor, ele mandou um recado carregado de sotaque.

“Meu nome é Drop. Eu gosto do Brasil e dos brasileiros. Gosto de futebol, de pagodão e amo Bahia e Salvador”, disse, provocando risos e aplausos.


Começo

Foi um amigo quem apresentou o coreano à música baiana. Ele contou que sempre fez coreografias de hits internacionais, incluindo alguns sucessos brasileiros, mas que após perceber a repercussão dos vídeos com o estilo baiano resolveu investir mais nesse tipo de produção. O pagodeiro Polly esteve com Drop.

“O encontro foi cercado de emoção e conversamos muito rápido sobre como ele está se sentindo. Fizemos uma live no Instagram rapidinha e conseguimos atingir quase cinco mil pessoas. Eu também dei um cordão pra ele. Drop é muito carismático e suas coreografias são incríveis. Já estou sentindo esse impulsionamento [da carreira]. E ele também. É uma parceria de mão dupla e espero que seja duradoura”, disse.

Polly contou que existe uma nova versão de Samba do Polly a caminho e que haverá outros hits com samba raiz. “Eu me sinto privilegiado e feliz com esse resultado. Pois, o pagode baiano está tomando outro rumo e aos poucos, quem sabe, deixando de ser marginalizado”, afirmou.

Quem conhece o dançarino há mais tempo conta que Drop já era um fenômeno na Coreia do Sul antes de se tornar uma celebridade no Brasil, mas foi apenas na semana passada que ele conseguiu alcançar 100 mil inscritos no canal dele no YouTube (114 mil na manhã deste domingo) e ganhou até placa de prata. Kwon contou que o sucesso no país natal é menor que o destaque que ele está recebendo no Brasil.

Repercussão

O empresário que administra a carreira de Polly, Conde, disse que a negociação para trazer o sul-coreano começou há cerca de 40 dias, que ele vai ficar em Salvador até o dia 6 de setembro e que a agenda está cheia. Nesta segunda-feira (29), Drop tem uma série de entrevistas com emissoras de TV e outros veículos de imprensa.

“Ele vai participar de alguns shows e fará presença VIP em eventos. No sábado (3), ele estará no Clube dos Oficiais. Estamos muito felizes com a repercussão e esperamos que isso sirva para acabar com o preconceito que ainda existe com o pagode baiano. A gente tem um baiano, um seteropolitano, na Coeria”, brincou.

Drop era conhecido na internet e fazia pequenos shows na Coreia do Sul. O editor e colunista João Gabriel Galdea, autor da coluna Baianidades do CORREIO, entrevistou o coreano quando ele ainda era pouco conhecido pelas bandas de cá.

“Na época da entrevista, ele não conhecia nada sobre a cultura baiana. Ele contou que começou a pesquisar para poder responder às perguntas que eu encaminhei. Ele disse também que no início teve dificuldades para coreografar as músicas do Polêmico, por conta do ritmo”, afirmou.

A entrevista completa do coreano pode ser conferida aqui. No Instagram eram 384 mil seguidores até a semana passada. O número saltou para 527 mil, na manhã de domingo, e para 532 mil, durante à tarde.

Correio