O bom momento de Neymar e a solidez da Seleção sob o comando do técnico Tite fazem o ex-lateral Cafu, de 52 anos, sonhar com o Brasil rompendo no Catar o domínio europeu nas últimas quatro Copas do Mundo.
Em uma entrevista com a AFP, o capitão do penta disse que aposta suas fichas no hexa em 2022, mas adverte sobre a "favoritíssima" Argentina de Lionel Messi.
Pregunta: Há 20 anos o Brasil não ganha o Mundial. Essa seca pode acabar no Catar?
Resposta: "O Catar é uma grande oportunidade para quebrar esse domínio europeu. Esse é o momento certo da Seleção Brasileira quebrar esse tabu de conquistar o título. Tanto a Argentina como o Brasil são duas seleções favoritíssimas. O Brasil vem de uma temporada muito boa, em relação aos seus jogos. Argentina tem um conjunto muito bom também. Eu vejo duas seleções com um potencial muito grande de ganhar a Copa do Mundo".
P: O que você gosta no time de Tite?
R: "É o conjunto. Hoje nós temos um leque muito forte de jogadores que podem resolver o jogo a qualquer momento. O ponto forte da seleção do Tite eu acho que é exatamente isso: a união que eles têm hoje dentro do campo. Eles sabem que não depende unicamente de um jogador para ganhar a Copa do Mundo e isso vai ajudar bastante”.
- Neymar "faz a diferença" -
P: O bom nível de Neymar aumenta as chances do hexa?
R: "O Neymar bem, nós temos aí uma chance muito grande de ganhar a Copa do Mundo, porque o Neymar é um jogador diferenciado, é um jogador que realmente faz a diferença dentro do campo. Nós colocamos as nossas esperanças em cima daquilo que ele pode fazer, mas Neymar não joga sozinho. Ele estando bem, estando motivado, estando animado para essa Copa do Mundo, eu tenho certeza que essa animação vai cativar os outros jogadores".
P: Danilo parece ser o titular como lateral-direito, mas o que você acha de um zagueiro, como Éder Militão, cumprir a função?
R: "Eu gosto da ideia de usar um zagueiro como lateral, gosto muito dessa ideia, até porque o Militão já jogou na lateral, já vem desempenhando de lateral há algum tempo. Ele não vai ter nenhum problema. Eu gosto dessa ideia. Dependendo da situação de jogo, pode soltar ele para ataque ou você pode fazer com três zagueiros e liberar o meio-campo”.
P: A Copa do Catar será a última de vários astros. Jogadores jovens como Vinícius Júnior e Kylian Mbappé estão à altura dos que estão saindo de cena?
R:" É uma pena ver esses craques se aposentando, mas é a lei natural do futebol. Temos que saber o momento certo de parar. Eles podem chegar a esse nível, não estão no nível desses grandes campeões como Neymar ou Messi, Lewandowski, Cristiano, que foram os melhores do mundo. Mas sim, o Vinícius pode chegar a esse nível como jogador".
P: Quais seleções podem surpreender?
R: "Bélgica, Dinamarca, Portugal e Sérvia, por incrível que pareça. Porque a Sérvia se classificou como primeira do grupo, foi uma das primeiras classificadas, tem jogado muito bem, tem um conjunto forte e joga futebol, não tem medo de adversário nenhum”.
- Lembranças do bicampeão -
P: O que você lembra da Seleção de 2002?
R: "Para mim, foi a melhor seleção brasileira dos últimos tempos. Uma seleção vencedora, sete jogos, sete vitorias, melhor ataque, melhor defesa. Tudo mundo batendo todo tipo de recordes e jogando futebol bonito.
Ser campeão, e em cima da Alemanha, essa é uma lembrança que vai ficar pelo resto de nossas vidas. E ter a oportunidade de como capitão levantar a taça. É maravilhoso ter a Copa na mão, aquela sensação de nós sermos campeões, a sensação do dever cumprido. Se pudesse, seria campeão todo dia porque é uma sensação muito grande".
P: Muitos questionam o futebol do Brasil campeão em 1994. O que você diz?
R: "Só critica quem não é campeão. Como é que você pode criticar a quem foi campeão do mundo? Não tem como, é campeão de mundo! Não qualquer é campeão do mundo. O Brasil só é pentacampeão porque alguém foi tetracampeão em 94".
P: Você ganhou duas Copas e perdeu a final na França em 1998. Essa derrota pesa?
R: "Se aprende, se aprende com essa sensação ruim. Eu não carrego esse peso de ser vice-campeão, pelo contrário. Nós chegamos à final de uma competição tão importante como é a Copa do Mundo, então nós temos que levar em conta a importância de ser vice-campeão".
P: O Brasil chegou ao Mundial de 2002 sendo muito questionado. Para o Catar, é favorito. O que é melhor?
R: "Sempre é bom chegar como favorito, é uma moral muito grande chegar como favorito. Seja com as pessoas te respeitando, destacando teu trabalho, mas sabendo que a qualquer momento, se eles vacilarem, vão perder o jogo".
P: Os brasileiros se afastaram da Seleção nos últimos anos. Por que?
R: "Pelo fato do Brasil ficar 20 anos sem conquistar o título. O Brasil ficou 20 anos sem conquistar o título e isso afasta um pouco a torcida brasileira, isso tira um pouco a credibilidade da seleção. Mas eu acho que essa credibilidade já voltou”.
A Tarde
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