Um laudo emitido pelo Hospital Roberto Santos, em Salvador, foi divulgado na manhã desta quinta-feira, 16, com honras de “exclusividade” pelo Tribuna Regional, como forma de rebater (um papel da assessoria) alguns órgãos da imprensa por terem noticiado a morte da senhora Neuraci de Jesus como sendo “Por complicações da intoxicação alimentar”.

Sim, percorrendo alguns desses órgãos de imprensa, podemos notar claramente que a frase “por complicações” foi usada em todos eles, inclusive aqui no Diário da Chapada.

Pois bem, vamos à “verdade dos fatos”, essa frase redundante e comumente utilizada para reforçar uma ideia de veracidade. Se esse repórter que ora escreve essa exclusividade, está caminhando livremente por uma das ruas de Jacobina e cai em um buraco, sendo preciso ir à uma unidade de atendimento curar suas feridas. No meio do caminho até a UPA é assaltado e morto. Causa Mortis: latrocínio. Ele teria sido assaltado naquela rua se não tivesse caído em um buraco da prefeitura?

Dona Neuraci, que infelizmente deveria ter seu nome respeitado e sua família sendo confortada, agora tem a tristeza dos parentes sendo prolongada com uma desesperada tentativa de livrar o Município da culpa pela falta de estrutura. Ela não teria morrido se não tivesse comido em um restaurante sem as condições mínimas exigidas. Ela não teria morrido se a prefeitura oferecesse qualidade em Saúde necessária para cuidar das suas dores. Ela não teria morrido.

O jornal deveria ter a mesma velocidade da “Exclusividade” para trazer aos seus leitores algumas respostas paras as diversas perguntas que ecoam desde o episódio da intoxicação. Vamos aos exemplos: O restaurante ao qual a vítima entrou com a sua saúde em dia (e Diabetes controlada), tinha autorização da Vigilância Sanitária para funcionar? O restaurante será punido pelo “descuido”? E sobre a Jornada Pedagógica, a Prefeitura de Jacobina seguiu os trâmites legais para aquisição de alimentos desse restaurante? E ainda, já deu início à uma campanha de visitação aos demais restaurantes como forma de orientar e fiscalizar suas documentações?

Um outro ataque do jornal é no que se refere à quantidade de pessoas intoxicadas. “Caiu por terra que mais de 400 pessoas foram intoxicadas” induzindo o leitor a chamar a imprensa de mentirosa, apresentando apenas 189 casos. Eu convido o redator desta “exclusividade” a fazer um passeio pelo grupo de WhatsApp dos professores, e lá ter acesso ao documento assinado por mais de 300 deles, os quais tiveram os mesmos sintomas e nem todos procuraram uma unidade hospitalar municipal (por qual motivo?). E some isto aos demais clientes do Restaurante Dantas.

O que vemos aqui, caro Tribuna Regional, é a preocupação maior em livrar a prefeitura de mais essa morte por falta de estrutura na Saúde, do que a busca por solucionar os problemas e evitar que outras famílias chorem aos pés de um caixão. Mas vocês estão certos! Dona Neuraci não morreu vítima de intoxicação alimentar, ela morreu por falta de esperança, por falta de compreensão, por falta de sensibilidade e, acima de tudo, por falta de honestidade. Que Deus a tenha em um bom lugar, onde realmente os dias melhores já chegaram faz tempo.

Por Igor Fagner – Diário da Chapada
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