Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (Jamma) Network contabiliza uma taxa de proteção de 18% em mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família para morte materna. Para a elaboração da pesquisa, 7.912.067 milhões de mulheres que tiveram um parto entre 2004 a 2015 foram contabilizadas. De acordo com o cruzamento do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc), neste recorte 4.056 foram a óbito.

A pesquisa revela que entre as mulheres que tiveram o benefício do Bolsa Família por tempo maior ou igual a nove anos antes da gestação, o fator de proteção é de 31%. Entre as mulheres que tinham um e quatro anos recebendo o serviço, a taxa de proteção cai para 15%. Mulheres cobertas entre 5 e 8 anos alcançam o resultado de 30%.

A morte materna é caracterizada quando acontece durante a gestação ou até 42 dias após o parto. Segundo a análise, condições de renda, escolaridade, etnia e localidades são fatores analisados. O nível de proteção é maior entre os municípios com alta taxa de cobertura, quando os órgãos públicos conseguem cadastrar a quantidade próxima da população estimada que teria direito ao benefício na localidade.

Histórico

Em 1990, a cada 100 mil nascidos vivos, 120 mães iam a óbito. Os números caíram para 69 em 2013. Em 2019, chegou a 57 e registrou 107 em 2022, reaproximando o país de uma realidade de 30 anos atrás.

A pesquisadora Flávia Jôse Alves, associada ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), lamentou o retrocesso e criticou a formma em que as mulheres são tratadas no Brasil. “Isso diz muito de como as mulheres são tratadas, porque tivemos muitos avanços no combate a mortalidade infantil, mas com as mulheres ainda temos esses resultados”, comentou.

A Tarde