O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu o apoio dos Estados Unidos para intervir junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar a solucionar a crise argentina. Haddad conversou sobre o assunto com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em uma reunião bilateral durante encontro dos ministros das Finanças do Grupo dos Sete (G7), no Japão.

“Eu trouxe esse problema porque é uma questão importante, a Argentina é um país muito importante no mundo e particularmente na América do Sul. Em segundo lugar, porque a solução para a Argentina passa pelo Fundo Monetário Internacional. E se o Brasil e os EUA estiverem juntos nesse apoio pode facilitar muito as coisas para a Argentina”, afirmou Haddad em conversa com jornalistas logo após a reunião com Yellen.

Haddad afirmou à secretária que se preocupa que a crise econômica – a inflação anual argentina passa dos 100% – e uma grande seca possam afetar o cenário político da Argentina, permitindo a ascensão de partidos de extrema-direita.

Questionado sobre a reação da secretária do Tesouro, o ministro disse que ela se surpreendeu com o fato de o tema ter sido levado à reunião. E ressaltou que o assunto também é um dos motivos da viagem do presidente Lula ao G7, em Hiroshima, entre os dias 19 e 21 de maio.

“Uma das razões pelas quais o presidente Lula está vindo ao G7 é para tratar desse assunto. Para nós é uma questão fundamental que esse problema seja endereçado e o presidente Lula virá na próxima semana com a mesma preocupação e eu estou antecipando aquilo que ele próprio de viva-voz vai trazer. E conforme eu disse, o presidente Lula tem a convicção de que a solução passa pelo FMI”, disse Haddad.

O governo Lula vem se posicionando a favor da reforma de organismos multilaterais como o Banco Mundial e o FMI. Dentro do governo, há uma visão de que essas entidades exigem contrapartidas aos empréstimos, como privatizações, que atendem aos interesses dos países ricos – seus principais financiadores – e não condizem com a realidade dos emergentes.

Tanto a visão crítica aos organismos multilaterais, quanto a indicação de Dilma Rousseff ao banco dos Brics, estão ligadas à intenção de Lula de fortalecer a aliança do Brasil com países do chamado Sul global e reduzir a dependência de países avançados, fortalecendo a posição do Brasil como um líder regional.

China e Estados Unidos

Jornalistas americanos questionaram Haddad sobre a aproximação do Brasil com a China e os impactos nas relações com os americanos, em meio à disputa por hegemonia de Estados Unidos e China.

Haddad afirmou que uma das primeiras questões que Janet Yellen deixou claro na reunião é que ela não tem nenhuma objeção aos acordos comerciais que o Brasil faz e com a aproximação do Brasil com a China em relação às parcerias que estão estabelecidas.

“Mas eu manifestei o desejo de nos aproximarmos mais dos Estados Unidos. Ela até fez uma pequena brincadeira dizendo que o Brasil se vê como um país ‘near shore’ e não apenas ‘friendly shore’, apesar das distâncias. E que nós devíamos estar preocupados com a integração das Américas’, afirmou Haddad.

Mercosul-Japão

Haddad também falou que a reforma tributária é um dos temas centrais das conversas com empresários japoneses e ponto crucial para o avanço de um acordo entre Mercosul e Japão.

“Temos que manter nossa cota-parte no mercado japonês e o acordo Mercosul-Japão está na ordem do dia para que os empresários japoneses que se interessam por esse acordo”, disse o ministro.

CNN Brasil