O único criminoso a manter negócios simultâneos com as cúpulas de algumas das maiores e mais perigosas facções criminosas do país se tornou alvo de intensa investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Cícero da Silva Oliveira, conhecido como “Padrinho”, é foco principal de uma megaoperação desencadeada nesta quinta-feira (4/5) em sete estados e no DF. Equipes da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) cumprem 80 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão.

Traficante hábil, Padrinho cresceu rápido na hierarquia do crime e passou de um simples batedor – quem acompanha o transporte de drogas pelas rodovias – a um dos mais poderosos e temidos narcotraficante do país, ganhando o respeito de organizações criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC), Comboio do Cão (CDC) e Comando Vermelho (CV). A operação “Il Padrino” mapeou centenas de transações envolvendo carregamentos de centenas de quilos de cocaína e milhões de reais.

Radicado na cidade de Juazeiro do Norte (CE), Padrinho fez questão de retornar a sua cidade natal como milionário. Atualmente, o traficante mora uma mansão avaliada em cerca de R$ 2,5 milhões em um condomínio de alto padrão. O império erguido às custas da venda de pó conta com dezenas de carros superesportivos e imóveis de luxo. A Cord pediu o sequestro judicial de cinco casas e 20 carros de luxo, além do bloqueio de dezenas de contas bancárias.

Ligação com PCC

Existe uma estreita relação de confiança e negócios entre a fação criminosa mais poderosa do país e o traficante cearense. Os investigadores localizaram uma série de contas correntes em nome de laranjas que, na verdade, pertencem ao Padrinho. Ele chegaria movimentar R$ 1 milhão mensais provenientes do tráfico de drogas. Boa parte do dinheiro, segundos as apurações, parte de contas domiciliadas em bancos da grande São Paulo.

A PCDF mapeou o caminho da fortuna amealhada com A venda de entorpecentes ao redor do país (veja infográfico acima). As contas na capital paulista recebem valores transferidos por integrantes do PCC no DF. Logo depois, o dinheiro retorna ao DF, desta vez para o bolso de Padrinho. “Com essa investigação, concluímos que Padrinho é fornecedor de cocaína do PCC no Distrito Federal”, explicou um dos policiais envolvidos na investigação.

O volume de drogas movimentado pelo criminoso é tão intenso que as transferências financeiras eram frenéticas. Padrinho recebia dinheiro de inúmeros traficantes de drogas do DF e de outras unidades da Federação. Os policiais tiveram acesso a um vídeo em que um comparsa dele entra em uma agência bancária localizada em Ceilândia, carregando bolsas abarrotadas de dinheiro.

Pedreiro milionário

As apurações da PCDF também identificaram os laranjas usados pelo narcotraficante para tentar mascarar tanto a movimentação financeira quanto o patrimônio construído com o comércio do pó. Um deles trabalha como pedreiro em uma obra situada em Samambaia. Vários veículos de luxo com valores superiores a R$ 200 mil foram comprados em nome do trabalhador humilde.
O pedreiro, de acordo com as investigações, teria conhecimento que cede seu nome, documentos e contas bancárias para a movimentação financeiro criminosa. Ele também será preso no âmbito da operação e deverá responder criminalmente pela lavagem de dinheiro.

 






Fonte: Metrópoles