Morreu nesta quarta-feira (24), aos 83 anos, uma artista de dimensão fora do comum, que se transformou numa espécie de sinônimo de música pop: Tina Turner.
Simplesmente a melhor. Melhor do que todo o resto. A voz que cantou vitórias, embalou romances e foi trilha de novelas se silenciou para sempre nesta quarta-feira (24). A cantora americana Tina Turner morreu em casa, na Suíça.
Para a minha geração, Tina Turner sempre será uma das estrelas máximas da música popular. Mas graças à longevidade da artista, ela conquistou também as novas gerações. Em 2019, estreou na Broadway o musical baseado na vida dela e que ganhou 12 Tonys, o Oscar dos musicais. E o musical Tina está agora em turnê por 30 cidades americanas.
Nascida Anna Mae Bullock, em 26 de novembro de 1939, Tina Turner veio predestinada - nasceu no Tennessee, o mais musical dos estados americanos e conheceu o sucesso cedo. Em dupla com o marido, Ike Turner, no fim dos anos 1970, se associou aos roqueiros e foi uma das atrações principais no festival de Woodstock. Dezesseis anos depois, o casamento conturbado acabou. Anos depois, Tina revelou que sofreu violência doméstica.
A cantora recomeçou do zero, em carreira solo. O álbum “Private Dancer” foi a volta triunfal de uma Tina reinventada: livre, poderosa, frenética. O sucesso “What's love got's to do with it” ganhou os três principais Grammys, vendeu 5 milhões de cópias e transformou Tina Turner em uma sensação mundial aos 45 anos.
Ela inspirou uma geração de mulheres - e não foi só pelos hits. Tina foi a primeira mulher negra a aparecer na capa da revista “Rolling Stone”. Ao longo da carreira, vendeu mais de 100 milhões de discos e recebeu 12 Grammys. No coração do público, conquistou o título de Rainha do Rock and Roll.
A força da voz de Tina ecoou pelo mundo. No Brasil, lotou o Maracanã. Mais de 180 mil pessoas ocuparam o estádio em 1988 para vibrar com Tina. Nunca tanta gente junta tinha assistido a um show de um só artista. Um recorde na época.
E ela se divertiu. Em entrevista ao Pedro Bial, no Fantástico, em 1989, ela contou: “Eu saí correndo com os meus saltos altos, acenando para o povo e eles participaram. Acabou sendo um dos melhores vídeos que eu fiz”, afirmou.
O carinho de Tina com o Brasil se fez até do outro lado do mundo. Em um show na Austrália, em 1993. Ela chamou o piloto Ayrton Senna ao palco e cantou “The best” para ele. Porque, afinal, Ayrton Senna do Brasil era o melhor.
A atriz Angela Bassett, que viveu Tina no cinema naquele ano, descreveu a sensação de estar nesse papel.
"Você pode imaginar que retratá-la foi assustador. Ela estava lá ao meu lado dizendo: ‘Você é perfeita, você é perfeita. Você conseguiu’. Com aquele brilho nos olhos e um charme, aquele carisma, aquela risada contagiante”, disse Bassett.
O sucesso de Tina conquistou o mundo. E foi na Europa que ela enfim encontrou o amor. Em mil 1985, conheceu o executivo musical alemão Erwin Bach, que foi buscá-la no aeroporto de Dusseldorf. A relação profissional virou namoro, que virou casamento.
Em 2013, Tina e Erwin se casaram. Os dois já moravam na Suíça. E, depois do casamento, Tina decidiu abrir mão da cidadania americana e virar cidadã suíça. Erwin cuidou de Tina até o fim da vida.
Em 2016, ela foi diagnosticada com câncer de intestino e, no ano seguinte, passou por um transplante de rim - doado pelo marido.
Tina Turner dizia que era uma pessoa normal nos bastidores.
“Eu gosto de levar uma vida normal, eu gosto de dirigir meu carro, ir ao mercado. E ainda gosto de manter meus pés no chão, porque eu gosto da sensação de independência que isso me dá”, afirmou.
Tina se aposentou dos palcos em 2009, em uma turnê para comemorar os 50 anos de uma carreira bem-sucedida.
Nesta quarta-feira (24), o mundo lamenta a morte de Tina Turner. O cantor Mick Jagger, líder dos Rolling Stones, - publicou em uma rede social: “Ela era inspiradora, calorosa, engraçada e generosa. Me ajudou muito quando eu era jovem e eu nunca vou me esquecer dela”.
A atriz americana Viola Davis lembrou: “Nosso primeiro símbolo de excelência e de domínio sem limites da sexualidade”.
Na França, a cantora foi homenageada no tapete vermelho do Festival de Cannes.
O cantor Elton John lamentou: “Nós perdemos uma das mais empolgantes e eletrizantes artistas do mundo. Ela era inalcançável”. A ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, escreveu: “Rainha Tina nunca passará. Devemos a ela a maior representatividade da mulher negra no pop rock mundial. Será uma inspiração eterna!”.
A Casa Branca também lamentou a perda gigantesca que é a morte de Tina. A porta-voz Karine Jean-Pierre disse que Tina era um ícone da música e que ela mesma era uma grande fã. Mais uma entre milhões de outros fãs que, nesta quarta (24), lamentam a partida de Tina. É como se todos cantassem: “Eu não quero perder você”.
Jornal Nacional
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