O Coletivo de Cotistas da Universidade do Estado da Bahia (CECUN) expressa, por meio desta CARTA DE REPÚDIO, sua indignação diante das declarações proferidas no dia 19/06/2023 durante um seminário do componente curricular: Filosofia do Direito, do curso de Direito, no Campus IV, desta universidade, localizado em Jacobina-Ba.

A equipe responsável apresentou dados inconsistentes que afirmavam que a presença de cotistas na Rede de Ensino Superior diminuiu/diminuem a qualidade do ensino nas universidades, além de apontar que a Política de Cotas é injusta e segregacionista.

Diante de um discurso desprovido de embasamento e rigor científico, repudiamos veementemente tais afirmações e sugerimos a consulta de fontes confiáveis que demonstram as implicações positivas das cotas no ensino superior. Dentre essas fontes, destacamos os estudos de: Lívia Sant’Anna Vaz, Andrea Lopes da Costa, Nilma Lino Gomes, Paulo Vinícius Baptista da Silva, José Eustáquio de Brito e diversos pesquisadoras(es) renomadas(os) nesta área.

Além disso, é de suma importância uma leitura atenta da Lei Federal 12.711/2012 e das Resoluções do Conselho Universitário (CONSU) 196/2002, 468/2007, 710/2009, 847/2011 e 1338/2018. Tais legislações comprovam que as cotas não possuem caráter segregacionista, muito pelo contrário, possui o objetivo de promover a inclusão social e reparar as desigualdades herdadas da colonização. Sendo uma ferramenta de transformação social e epistemológica, visando a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

É crucial desmistificar qualquer estereótipo que tente desqualificar os estudantes cotistas, pois estes possuem plena capacidade cognitiva para cursar o ensino superior e constantemente se destacam no ambiente acadêmico. 

As falas dos discentes não foram apenas discordância em relação às Políticas de Cotas, é um discurso preconceituoso e discriminatório, o que não pode ser tolerado em um ambiente acadêmico. Essas falas ferem não somente estudantes cotistas desta universidade, como também toda a ancestralidade que foi negada ao acesso a educação, devido a estrutura racista da sociedade brasileira. 


São diversas as pesquisas que apontam um salto qualitativo no ensino superior após a implementação das políticas afirmativas. A estrutura discursiva que tenta desqualificar nosso ingresso, permanência e contribuição institucional no fazer universidade, não é mera opinião, é mais um ato preconceituoso e odioso, desprovido de honestidade intelectual.

Na oportunidade, nós do CECUN nos solidarizamos aos demais estudantes, ouvintes desta apresentação. 

O CECUN está ao lado de todos/as/es vocês, e a nossa luta compartilhada. 

A universidade é de todos/as/es nós.

Nenhum direito a menos! Nenhum passo atrás!